Retorno do PDT à base do PT na Bahia é irreversível, garantem líderes do partido e cardeais governistas

Integrantes da cúpula do PDT na Bahia dão como certa a volta do partido à base aliada ao PT e garantem que há apenas ajustes pontuais para que o acordo com o Palácio de Ondina seja fechado. "Hoje, esse processo se tornou irreversível. Internamente, o retorno ao bloco petista já é tratado como favas contadas. A expectativa agora não é mais se vamos retornar, e sim, quando o retorno será anunciado de forma oficial", destacou um membro da Executiva Estadual do PDT. A informação foi confirmada também por cardeais de partidos da base com assento no Conselho Político do governo Jerônimo Rodrigues (PT).

Aqui me tens de regresso
A aliados próximos, o deputado federal Félix Mendonça Júnior, presidente do PDT no estado, confirmou o avanço nas negociações com a articulação política de Jerônimo e sinalizou disposição para reatar os laços rompidos com o PT há dez anos, quando ele e o então governador Rui Costa entraram em rota de colisão. Em janeiro de 2015, após uma série de atritos entre Félix Júnior e Rui, o secretário de Relações Institucionais à época, Josias Gomes, formalizou a saída do PDT da base. De lá para cá, o partido passou a caminhar com a tropa liderada pelo ex-prefeito ACM Neto (União Brasil).

Uma coisa e outra coisa
Apesar do iminente retorno, Félix Júnior assegurou aos caciques da sigla que o acerto com o comando governista, a princípio, não inclui a posição do PDT em Salvador, onde o partido tem a vice-prefeita Ana Paula Matos e controla cargos no primeiro e segundo escalões do Palácio Thomé de Souza, além de quatro vereadores na Câmara Municipal. Em declarações recentes à imprensa, o pedetista deixou claro que não há qualquer acordo para apoiar a eventual candidatura de ACM Neto ao governo do estado em 2026. "Ele não esconde insatisfações antigas com Neto, mas mantém excelentes relações com o prefeito Bruno Reis", disse um parlamentar bastante ligado a Félix Júnior.        

Mão que balança o berço
A ponte entre o governo Jerônimo e o PDT tem as digitais do ex-prefeito de Euclides da Cunha Luciano Pinheiro, pedetista de carteirinha e maior aposta do partido para puxar votos na disputa por uma cadeira na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) em 2026. Mesmo quando o partido apoiou ACM Neto na disputa pelo governo em 2022, Pinheiro obteve aval de Félix Júnior, de quem é muito amigo, para continuar ao lado dos petistas. Em 2024, elegeu o sucessor em Euclides, Heldinho Macedo (PDT), com o apoio dos petistas. Agora, articula fortemente para que o PDT passe a integrar, de forma institucional, a base de Jerônimo. 

Linha de costura
No último dia 24, Luciano Pinheiro e Heldinho estiveram em Salvador para receber duas viaturas da Polícia Civil destinadas a Euclides da Cunha. Na ocasião, ambos conversaram com o secretário estadual de Relações Institucionais, Adolpho Loyola, que trabalha com afinco para pavimentar o caminho entre o PDT e a base aliada. Ao mesmo tempo, Loyola iniciou conversas com Félix Júnior, a partir de costuras feitas por Pinheiro. Antes, o presidente do PDT baiano havia tido um encontro com o atual ministro da Casa Civil, Rui Costa. Nas próximas semanas, haverá uma nova reunião com Rui em Brasília para tratar exclusivamente da Bahia, dessa vez, com a presença do cacique-mor do partido, Carlos Lupi. ministro da Previdência.

Mudança de rumos
Caso os prognósticos que apontam para o regresso do PDT à base governista se confirmem, a permanência de dois parlamentares pedetistas que compõem a linha de frente do União Brasil na Bahia ficará insustentável. O primeiro deles é Emerson Penalva, único deputado estadual da legenda na Alba. Muito ligado a Bruno Reis, Penalva dificilmente seguirá ao lado de Jerônimo, tanto na Assembleia quanto na corrida pelo governo no ano que vem. O segundo é o deputado federal Leo Prates, um dos quadros políticos mais leais a ACM Neto.

Tudo com antes
Inicialmente, o provável reingresso do PDT na ala governista não altera a rota da vice-prefeita Ana Paula Matos e nem da bancada de vereadores alinhados ao Palácio Thomé de Souza, composta por Roberta Caires, Anderson Ninho, Omarzinho Gordilho e Débora Santana. Salvo, claro, se algum deles decidir concorrer à Câmara dos Deputados ou à Assembleia Legislativa.