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Vereadores do PP usam eventual retorno do partido à base do PT como moeda de pressão por cargos, dizem aliados de Bruno Reis

Metropolítica

Por Jairo Costa Júnior

Notícias exclusivas sobre política e os bastidores do poder

Vereadores do PP usam eventual retorno do partido à base do PT como moeda de pressão por cargos, dizem aliados de Bruno Reis

Parte da bancada pepista na Câmara de Salvador, incluindo Maurício Trindade, se queixa também de que o prefeito fechou as portas para discutir espaços no Thomé de Souza

Vereadores do PP usam eventual retorno do partido à base do PT como moeda de pressão por cargos, dizem aliados de Bruno Reis

Foto: Metropress/Carla Astolfo

Por: Jairo Costa Jr. no dia 30 de janeiro de 2025 às 18:04

Atualizado: no dia 30 de janeiro de 2025 às 18:09

A recente grita de integrantes da bancada do PP na Câmara de Vereadores de Salvador tem pouca ligação com o eventual retorno do partido à base aliada do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e muito a ver com a tentativa de ampliar a fatia da legenda no alto escalão do prefeito Bruno Reis (União Brasil). Segundo apurou a Metropolítica, há em curso uma ofensiva coordenada por dois vereadores pepistas - Sidninho e Maurício Trindade - para usar a reaproximação entre líderes da sigla e o PT como moeda de pressão sobre o Palácio Thomé de Souza. "O pano de fundo aí é a cobiça por cargos de destaque na gestão de Bruno Reis. As tratativas do PP com o governo do estado não passam de cortina de fumaça. É quase certo que o partido vai reingressar na base do PT. Todos os sinais indicam isso. Mas o movimento dos vereadores do PP tem como objetivo real mesmo conquistar novos espaços na prefeitura ", avaliou um dos mais próximos aliados do prefeito na Câmara Municipal.

Caneta sem tinta
Hoje, o PP só tem uma cadeira na Série A da prefeitura. No caso, a de Cacá Leão, secretário de Governo. Contudo, a posição dele no tabuleiro do poder no Thomé de Souza é considerada frágil pelos cardeais do PP, já que Cacá passou a atuar praticamente dentro do gabinete do prefeito, com pouquíssima margem para negociar cargos e liberar demandas represadas de vereadores. "Atualmente, Francisco Elde e Igor Dominguez são os que possuem esse poder", disse um membro do núcleo-duro da prefeitura, ao citar o chefe de gabinete e o secretário particular de Bruno Reis, respectivamente. "E é óbvio que, com cinco vereadores em Salvador, o PP acha que merece muito mais do que tem", emendou. Entretanto, ponderou, será muito difícil que os pepistas migrem de lado, até porque três parlamentares da legenda - o veterano George Gordinho da Favela e os novatos Sandro Filho e Jorge Araújo Repórter - ainda dependem bastante da máquina da prefeitura.

Barrados no baile
Em conversas reservadas, vereadores do bloco do prefeito alertam que as insatisfações do PP com a parte que lhe coube no latifúndio têm como combustível aditivo as dificuldades de conseguir brecha na agenda de encontros a portas fechadas com Bruno Reis. "Essa é uma queixa crescente, mas não está restrita ao PP. Outros partidos vêm reclamando da mesma coisa O prefeito de fato suspendeu as conversas bilaterais sobre divisão de cargos e reforma administrativa no secretariado, já deixou claro que não está com pressa de mexer na equipe, e a recusa em abrir negociações em curto prazo mexeram com os ânimos no grupo", confidenciou um vereador experiente da tropa de choque de Bruno Reis.

Faz sentido...
A consolidação da deputada estadual Ivana Bastos (PSD) como candidata da base aliada ao governo do estado à primeira vice-presidência da Assembleia Legislativa (Alba), confirmada na tarde desta quinta-feira (30) passaram duas mensagens a observadores políticos com vasta experiência nas artimanhas do poder. De pronto, acham, atesta o isolamento gradual do senador Ângelo Coronel (PSD) no grupo encabeçado pelo PT, a reboque da desconfiança de Jerônimo Rodrigues acerca da lealdade presente e futura dele aos planos para a sucessão estadual de 2026. Por fim, destacam, comprova que a estratégia dos caciques governistas é apostar na demora do julgamento do Supremo sobre o terceiro mandato do presidente da Alba, Adolfo Menezes (PSD). Do contrário, Adolfo desistiria logo da disputa e abriria caminho para Ivana assumir o leme em seu lugar. 

Bem na fita
Ainda sobre Adolfo Menezes, choveram mensagens de apoio a ele na manhã desta quinta, durante a entrevista concedida ao apresentador Mário Kertész, da Rádio Metropole. Ouvintes da emissora elogiaram bastante a coragem do presidente da Alba por tocar em assuntos espinhosos com alta dose de franqueza. Em especial, a denúncia sobre suposta venda de emendas parlamentares na área de saúde e o uso de tais recursos para comprar apoio ou manter prefeitos no interior do estado, através de repasses da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), órgão controlado pelo maior desafeto de Adolfo, o deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil), com quem trava um duro duelo pelo domínio político de Campo Formoso, reduto de ambos.        

Me salte!
Interlocutores muito próximos ao governador garantiram à coluna que a demora de Jerônimo Rodrigues para efetivar a dança de cadeiras no andar de cima de sua gestão nem de perto resvala na corrida pela presidência da Assembleia. O motivo, segundo eles, é que Jerônimo perdeu a paciência com a queda de braço travada entre o senador Jaques Wagner e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, pela prerrogativa de indicar nomes para cargos tidos como estratégicos. Entre os quais, a Secretaria de Comunicação do Estado (Secom). O incômodo é tanto que o governador tem recusado até a recebê-los a sós ultimamente.  

Distinção cronológica          
 A aposentadoria compulsória do juiz Mario Soares Caymmi Gomes, determinada quarta-feira (29) em sessão sigilosa pelo pleno do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ), rendeu reações nos círculos da advocacia baiana, onde o magistrado goza de boa reputação. Alvo de processo administrativo disciplinar desde setembro de 2023 após ter dito em entrevista à TV da Assembleia Legislativa que o corregedor do TJ à época, desembargador José Edivaldo Rocha Rotondano, era "gay não assumido", Mario Caymmi foi punido apenas um ano e quatro meses depois da abertura da ação contra ele. As falas ocorreram no rastro do veto de Rotondano à seleção de estagiário com vagas reservadas a universitários da comunidade LGBT+ na vara onde o juiz é titular, a 27ª de Substituições da Capital. A tese em grandes bancas de advogados em Salvador é de que sugerir que um desembargador é gay mas não assume, rende punição severa mais rapidamente do que estar implicado no esquema de corrupção no Judiciário estadual desmontado pela Operação Faroeste. Detalhe: Mario Caymmi é gay assumido.