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Dúvidas, suspeitas e silêncio rondam eleição para a presidência da Assembleia às vésperas da disputa
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Por Jairo Costa Júnior
Notícias exclusivas sobre política e os bastidores do poder
Dúvidas, suspeitas e silêncio rondam eleição para a presidência da Assembleia às vésperas da disputa
Postura do Jerônimo, candidatura do líder do governo a primeiro vice e eventual acordão no Supremo para arrastar permanência de Adolfo Menezes criam aura de suspense a cinco dias da sucessão na Alba
Foto: Mateus Pereira/GOVBA
A disputa pelo comando da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), marcada para a próxima segunda-feira (03), entrou na reta final em meio a uma série de interrogações compartilhadas por deputados da base aliada e da oposição. A principal delas diz respeito ao jogo que, de fato, está sendo tocado pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT). Parte dos parlamentares e fontes com livre trânsito na cúpula da Alba ouvidos pela Metropolítica acham que o Palácio de Ondina aposta alto na demora do Supremo em julgar definitivamente uma eventual ação questionando a legalidade do terceiro mandato do presidente da Casa, Adolfo Menezes (PSD), com base no entendimento contrário à segunda reeleição de chefes do Poder Legislativo. A avaliação vai ao encontro de sinais emitidos a aliados pelo próprio Adolfo a respeito de promessas do ministro da Casa Civil, Rui Costa, de ajudá-lo junto a integrantes do Supremo com quem mantém proximidade, para arrastar o máximo possível o veredito pelo plenário. A dúvida é por que Rui gastaria saliva para salvá-lo da degola.
Mão única
Entre deputados governistas, a provável resposta para o interesse de Rui em um julgamento demorado no Supremo passa pelo PSD. "A mim, parece claro que o governo sabe que nas condições atuais de temperatura e pressão é impossível eleger um petista para comandar a Alba. Também não tem hoje um nome de confiança fora do PT para substituir o atual presidente. Então, a meu ver, Jerônimo em conjunto com sua articulação política pode ter entendido que é melhor manter Adolfo no cargo, já que é um cara em quem confiam, e ganhar tempo para construir um nome leal ao governador antes do Supremo derrubar Adolfo do posto e a Assembleia ser obrigada a convocar novas eleições, se esse dispositivo for mesmo incluído no Regimento Interno do jeito que foi acordado entre Jerônimo e os caciques do PSD", analisou um parlamentar com status de liderança na bancada governista.
Vale o escrito?
Outra dúvida que ronda a sucessão na Alba é se a eleição automática em caso de vacância do presidente da Casa será votada como ficou acertado pelos líderes do governo e da oposição, respectivamente, os deputados Rosemberg Pinto (PT) e Alan Sanches (União Brasil). Especialmente, em relação aos prazos para que a disputa ocorra. Em conversa com a coluna na segunda-feira (27), Sanches disse que o texto vai determinar 48 horas para que a Alba realize novo processo eleitoral após o cargo ficar vago. A princípio, Rosemberg reivindicava 30 ou 60 dias, mas o cronograma encontrou resistência maiúscula na Assembleia. Até o fechamento desta edição, a convocação de sessão extraordinária para analisar a matéria não havia sido enviada à equipe responsável pelo Diário Oficial do Estado (DOE). Entretanto, parlamentares envolvidos nas costuras entre Executivo e Legislativo garantem que a proposta será submetida aos deputados às 15h de quinta-feira (30).
Prova dos nove
A terceira incógnita envolvendo a corrida de poder na Assembleia está relacionada à candidatura de Rosemberg Pinto à primeira vice-presidência. O petista, que tinha viajado para Fernando de Noronha, cobiçava o cargo justamente pela possibilidade de assumir o controle da Alba por tempo suficiente para consolidar sua permanência no comando em uma nova disputa. Agora, já não se sabe se ele continuará no páreo, diante da obrigação de convocar automaticamente novas eleições em curtíssimo prazo. "Se Rosemberg mantiver o nome, é sinal de que há um arranjo em curso conhecido somente por poucos. E essa desconfiança também existe. Até porque não faria sentido trocar o posto de líder do governo pelo de um primeiro vice que terá papel meramente decorativo. A não ser, óbvio, que haja algum movimento na surdina", salientou um deputado da oposição, ao expor as mais fortes suspeitas em torno da corrida pelo poder no Legislativo estadual, amplificado pelo silêncio que domina a Casa a cinco dias da eleição.
Fatos consumados
Apesar da sequência de dúvidas, há um punhado de certezas. A primeira é de que o Palácio de Ondina está disposto a fazer de tudo para impedir a ascensão do deputado Ângelo Filho (PSD), um dos herdeiros do senador Ângelo Coronel, à presidência da Alba. Embora tenha adotado discurso conciliador nas declarações em público, Jerônimo deixou claro a quadros de sua articulação política que não tem a menor confiança em Coronel. Disse ainda ter absoluta certeza de que ele repetirá os passos do então vice-governador João Leão (PP) em 2022. Ou seja, romper com o PT e se unir à oposição. Trocando em miúdos, o governador não deseja ver o filho do senador, que também cobiça a primeira vice-presidência, à frente da Assembleia em 2026, quando tentará a reeleição. A segunda convicção é de que todos os passos estão alinhados com Adolfo Menezes e Otto Alencar. A recompensa viria na indicação do deputado federal Otto Filho e de Adolfo para vagas que serão abertas nos tribunais de contas dos Estado (TCE) e dos Municípios (TCM) até a sucessão estadual.
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