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Cardeais do PL apontam inconsistências no cerco de João Roma contra deputados infiéis ao bolsonarismo

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Por Jairo Costa Júnior

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Cardeais do PL apontam inconsistências no cerco de João Roma contra deputados infiéis ao bolsonarismo

Disputa de poder no diretório estadual do partido é tida como estopim da ofensiva dirigida pelo ex-ministro a três integrantes da bancada da sigla na Alba

Cardeais do PL apontam inconsistências no cerco de João Roma contra deputados infiéis ao bolsonarismo

Foto: Divulgação/PL

Por: Jairo Costa Jr. no dia 26 de novembro de 2024 às 19:14

Atualizado: no dia 26 de novembro de 2024 às 19:24

Lideranças do PL apontam uma série de inconsistências no recente cerco do presidente estadual do partido, o ex-ministro João Roma, a antigos aliados considerados por ele como "bolsonaristas infiéis", em ofensiva divulgada por ele à imprensa como parte do processo para elevar o caráter ideológico da legenda, principal abrigo para políticos conservadores e militantes da extrema-direita. Na última segunda-feira (26), Roma confirmou a abertura de processo disciplinar contra três dos quatro membros da bancada do PL na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Contudo, dois deles, os deputados estaduais Vitor Azevedo e Raimundinho da JR, nunca assumiram a linha de frente do bolsonarismo e se alinharam ao Palácio de Ondina desde o início do governo Jerônimo Rodrigues (PT), sem jamais terem sofrido qualquer pressão por parte de Roma. Raimundindo, inclusive, é um dos vice-líderes da bancada governista. Já Azevedo, embora tivesse chefiado o gabinete de Roma no Ministério da Cidadania durante os dois últimos anos de Jair Bolsonaro à frente da Presidência, sempre teve autorização do padrinho político para se aliar a quem bem entendesse na Alba. 

Fio da suspeita
"É muito estranha essa movimentação súbita de João Roma. Ele mesmo havia dito publicamente que esses dois deputados do PL tinham liberdade para fazer política e nunca agiu para forçá-los a embarcar na oposição ao PT. Por que só agora resolveu apertar e até ameaçar Raimundinho e Vítor Azevedo de expulsão? Pior ainda foi o processo aberto também por ele contra Diego Castro, que é bolsonarista puro-sangue, ao contrário dos outros alvos do emparedamento de Roma. Nesse caso, a alegação foi a de que Diego Castro apoiou o candidato do Novo a prefeito de Barreiras (Davi Schmidt) contra o nome apoiado pelo PL lá (Otoniel Teixeira, do União Brasil, que acabou eleito)", afirmou um integrante do Diretório Estadual do partido ouvido pela Metropolítica

Pesos e medidas
"Curioso é que o ex-ministro não usou a mesma régua em relação à própria esposa, a deputada federal Roberta Roma", emendou um dos parlamentares do PL insatisfeitos com o cerco de João Roma, ao citar que este ano Roberta apoiou o prefeito reeleito de Coronel João Sá, Carlinhos Sobral (MDB), que entrou no páreo como candidato de Jerônimo Rodrigues e do presidente Lula na cidade, com direito a material de campanha onde ela aparece junto com os arquirrivais do bolsonarismo. 

Das duas, uma
Internamente, integrantes do PL citam duas hipóteses para o cerco repentino de João Roma àqueles que considera infiéis. A primeira delas tem como pano de fundo a tensão no partido após Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, terem sido indiciados pela Polícia Federal por suposto envolvimento na tentativa de concretizar um golpe de estado no país. A segunda, tida como a mais provável, está relacionada à disputa de poder dentro da Executiva Estadual da legenda, travada entre o ex-ministro e o deputado federal Capitão Alden, que se tornou um dos mais ativos porta-vozes do bolsonarismo no Congresso. 

Batom na gola
"Só isso explica a abertura de processo disciplinar contra Diego Castro, que é aliadíssimo de Alden, assim como a doutora Raíssa Soares (candidata derrotada a senadora pelo PL em 2022), que também está ameaçada de expulsão. Enquanto isso, os parceiros de João Roma não sofrem qualquer pressão, a exemplo de Leandro de Jesus, que o apoia da queda de braço com Alden", disparou outro líder do partido no estado, em referência ao único deputado da bancada do PL na Alba que não foi afetado pela ofensiva do ex-ministro.   

Novo point
A julgar pela frequência dos deputados federais da Bahia, a Fazenda Churrascada substituiu o lendário restaurante Piantella como o ponto de encontro número um de políticos graúdos e lobistas em Brasília. Situado no seleto Clube de Golfe da capital federal, a churrascaria virou palco das mesmas conversas ao pé de ouvido que fizeram a fama do Piantella ao longo de 43 anos. De acordo com um parlamentar baiano que virou frequentador assíduo do novo reduto após o antigo fechar as portas em 2020, no auge da pandemia, o clima de conchavo está quase o mesmo. Só o cardápio mudou.

Trinca de reis
Nos corredores do poder em Brasília, os deputados Elmar Nascimento (União Brasil), Mário Negromonte Júnior (PP) e Adolfo Viana (PSDB) ganharam um apelido jocoso entre os pares: "Trio Codevasf". A piada tem origem na quantidade de recursos que os três conseguem direcionar a prefeituras do interior do estado por meio de repasses da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, cujo montante será um trampolim e tanto na batalha pela renovação dos mandatos em 2026.

Deserto central
Se não fossem os grupos de turistas que visitam a Praça dos Três Poderes diariamente, a Câmara dos Deputados estaria às moscas nessa semana. Quem visitou a Casa na segunda (25) e terça-feira (26) não viu um parlamentar sequer nas comissões e muito menos no plenário. Pela falta de agenda de trabalho, é fácil supor que o vazio tende a dominar o cenário na Câmara até a próxima quarta-feira (04).