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Pronto para cair: Prédio da tradicional loja A Lâmpada corre risco de desabar no Comércio

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Pronto para cair: Prédio da tradicional loja A Lâmpada corre risco de desabar no Comércio

Enquanto a queda se prepara para acontecer, a disputa judicial entre o proprietário, Roberto Santos Bastos, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a União e o Ministério Público Federal (MPF) segue sem solução definitiva

Pronto para cair: Prédio da tradicional loja A Lâmpada corre risco de desabar no Comércio

Foto: Divulgação

Por: Fabiana Lobo no dia 27 de março de 2025 às 06:36

Atualizado: no dia 27 de março de 2025 às 10:30

Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 27 de março de 2025

No bairro do Comércio, mais precisamente na esquina das ruas Pinto Martins e Conselheiro Dantas, há uma previsão quase tão certa quanto o nascer do sol: o edifício tombado que por anos abrigou a loja A Lâmpada vai cair. Ele segue em estado crítico e sob risco iminente de desabamento há pelo menos oito anos. Quem passa pela região consegue ver, sem muito esforço, a inclinação da estrutura sobre a via.

Enquanto a queda se prepara para acontecer, a disputa judicial entre o proprietário, Roberto Santos Bastos, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a União e o Ministério Público Federal (MPF) segue sem solução definitiva.

Tapumes devem resolver

A Defesa Civil de Salvador (Codesal) já alertou para o agravamento das condições do imóvel, recomendando medidas emergenciais, após uma vistoria em setembro de 2024. O laudo técnico apontou fissuras, risco de desprendimento de elementos da fachada e a necessidade de isolamento da área. Com isso, o caso foi encaminhado à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur) para a demolição parcial, autorizada pelo órgão tombador, o Iphan . 

Mas parece que tapumes metálicos devem segurar a queda do edifício, porque, por enquanto, foi o único procedimento realizado, além da interdição de parte da Rua Pinto Martins.

À espera da queda

Na teoria, o problema e a briga pela responsabilidade já teriam uma solução. Em novembro de 2023, a Justiça determinou que o Iphan e a União deveriam arcar integralmente com os custos da reforma do prédio, após o proprietário comprovar incapacidade financeira. Permanece, no entanto, a espera pela queda. “A Justiça já reconheceu que a responsabilidade é do governo federal, mas nada foi feito”, reclama o Roberto Bastos, que tenta vender o imóvel, sem sucesso - afinal, quem compraria um prédio em ruínas prontos para desabar?

Sem lâmpada no fim do túnel

O prédio foi adquirido da Companhia de Seguros Aliança da Bahia pelo pai de Roberto Bastos, no início do século 20. Lá funcionou a tradicional loja A Lâmpada, fundada em 1925 para comercialização de equipamentos elétricos e de iluminação. Com o tempo, a falta de investimentos e a insegurança no local levaram à desocupação, agravando sua deterioração.

O prédio chegou a passar por muitas mudanças estruturais ao longo dos anos. E Bastos garante que, enquanto pôde, manteve a conservação do imóvel com recursos próprios, mas as exigências para e falta de suporte para um imóvel tombado dificultaram. “Fiz o que foi possível dentro das minhas condições financeiras, junto com minha família, para manter a preservação. Mas chega um ponto em que um prédio com mais de cem anos exige um esforço que nem sempre conseguimos sustentar”, desabafa. O Iphan foi procurado pela reportagem, mas, até o fechamento dela, não se posicionou.