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Queda de braço: Em ruínas, antiga fábrica São Braz vira objeto de disputa entre governo e prefeitura
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Queda de braço: Em ruínas, antiga fábrica São Braz vira objeto de disputa entre governo e prefeitura
De frente para a Baía de Todos-Os-Santos, a propriedade é hoje da Companhia Empório de Armazéns Gerais Alfandegários e tombada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) desde 2002
Foto: Metropress/Samanta Leite
Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 9 de janeiro de 2025
Quem passa pela orla de Plataforma e vê a antiga Fábrica São Braz, em ruínas e desativada há pelo menos 40 anos, nunca deve ter imaginado que aquele espaço um dia seria alvo de uma disputa das boas, entre o governo da Bahia e a prefeitura de Salvador. Cada uma das gestões tem hoje um plano diferente para o local e ambas já decretaram, individualmente, a desapropriação de uma área que conta com mais de 80 mil m².
Cheia de futuros
De um lado, o governo quer que o terreno seja utilizado para a criação do “Parque das Ruínas”. A proposta faz parte do projeto da implantação do Lote 1 do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Ao Repórter Metropole, o governador Jerônimo Rodrigues explicou que a ideia é criar um equipamento voltado para oferecer espaços às atividades comerciais das marisqueiras do Subúrbio. Já a prefeitura tem a intenção de construir um Polo Audiovisual, o Salcine, com um complexo de estúdios para produções audiovisuais. Foi a gestão municipal a primeira a publicar o pedido de desapropriação da fábrica no início de dezembro. A publicação do governo aconteceu depois, em janeiro. Mas o que o governo alega que o projeto do VLT, mais antigo que o Salcine, já contemplava o terreno.
Disputa morna
Apesar de defenderem a importância de seus projetos, quando provocados, os gestores falam em diálogo e meio-termo. Bruno Reis garante que não haverá polêmicas e Jerônimo Rodrigues chegou a citar até uma “desapropriação conjunta”.
Ruínas tombadas
De frente para a Baía de Todos-Os-Santos, a propriedade é hoje da Companhia Empório de Armazéns Gerais Alfandegários e tombada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) desde 2002.
O órgão garante que “não há impedimento para que o prédio seja cedido, vendido ou mesmo desapropriado” desde que sejam “mantidas as características que justificaram a sua patrimonialização”. Apesar disso, não confirma se já autorizou intervenções para alguma das gestões.
Antes da briga, a história
A construção histórica do Subúrbio Ferroviário foi fundada em 1875 pelos irmãos portugueses Manoel Francisco e Antônio Francisco Brandão Junior e é um dos marcos do processo de industrialização da cidade. Atraia centenas de trabalhadores da produção têxtil no início do século 20. Foi, inclusive, uma das responsáveis por transformar na época a região em um bairro operário. Até 1944, a fábrica sobreviveu à crise do mercado têxtil, mas depois foi decaindo, chegou a ser arrendada e incorporada a outras empresas, mas desativou definitivamente no final da década de 80.
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