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Nem bandeirolas e rosas vermelhas de Santa Bárbara são capazes de camuflar a decadência da Baixa dos Sapateiros

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Nem bandeirolas e rosas vermelhas de Santa Bárbara são capazes de camuflar a decadência da Baixa dos Sapateiros

A região que a qualquer data festiva enchia as calçadas de consumidores sedentos, hoje pode sediar uma maratona, quase que sem nenhum obstáculo no caminho

Nem bandeirolas e rosas vermelhas de Santa Bárbara são capazes de camuflar a decadência da Baixa dos Sapateiros

Foto: Metropress/Isabelle Corbacho

Por: Ismael Encarnação no dia 05 de dezembro de 2024 às 00:43

Atualizado: no dia 05 de dezembro de 2024 às 09:25

Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 5 de dezembro de 2024

Nem as bandeirolas e rosas vermelhas são capazes de camuflar a decadência. Os festejos de Santa Bárbara têm forte relação com a região da Barroquinha e da Baixa dos Sapateiros. É lá que ficam o Corpo de Bombeiros, de quem a santa é padroeira, e o Comércio de Santa Bárbara, onde há um altar ornamentado pelos próprios comerciantes. Mas só mesmo muita fé e uma dose de confiança na força das festas populares do calendário soteropolitano para acreditar em uma virada de mesa. E olhe lá.

Se por muito tempo, a Baixa dos Sapateiros foi um grande polo comercial de Salvador, hoje, a cada 300 metros, das duas uma: ou você encontra lojas fechadas com placas de “aluga-se” ou casarões com fachadas envelhecidas e abandonadas. Na semana passada, por exemplo, um deles desabou com a forte chuva que atingiu a cidade. Mais um para a lista de pelo menos outros oito desabados desde 2018.

O abandono dos casarões é apenas um dos viés da decadência da Baixa dos Sapateiros. A região que a qualquer data festiva enchia as calçadas de consumidores sedentos, hoje pode sediar uma maratona, quase que sem nenhum obstáculo no caminho. Rita Barros, de 60 anos, viveu uma vida comprando ali, de roupas dos filhos até itens domésticos. A dona de casa não recomenda, mas ainda frequenta o local, só pelo apego e, de novo, por ela: a fé, já que é fiel da Igreja da Nossa Senhora da Barroquinha.

Para os comerciantes, ficaram apenas os boletos do IPTU, as contas que não fecham e as lojas vazias. Resta a eles apontar as causas da decadência. Desmonte do transporte para a região, insegurança ou crescimento do comércio online são alguns dos palpites. Todos válidos. Das linhas de ônibus, por exemplo, apenas 11 atendem a região. Se tornou comum também o que encontrou a assistente social Elizabete Jesus, ao procurar um vestido para um casamento: grades na porta de uma loja, até que o vendedor confiasse que ela realmente era uma cliente.