Cidade de gargalos: Obras pioram fluxo de trânsito em regiões historicamente congestionadas

Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 5 de dezembro de 2024

Tem pontos em Salvador que, seja horário de pico ou não, só rezando duas missas antes de sair de casa, para pedir paciência no trânsito. Vem intervenção, vai intervenção; chega obra e passa obra com uma série de mudanças e transtornos, mas parece que o fluxo de veículos só piora. A mais nova fonte de estresse do soteropolitano (na verdade, nem é tão nova assim) é a região do Shopping da Bahia, na Avenida Antônio Carlos Magalhães, onde a construção de um viaduto promete aliviar o estresse ligando os motoristas direto dali até o Acesso Norte.

O viaduto (mais um na cidade) vai passar por cima do viaduto do BRT. Enquanto isso, as mudanças permanentes já foram feitas na região do shopping e, apesar da prefeitura alegar que as mesmas faixas de circulação foram mantidas, a dor de cabeça já é certa para o motorista, que há pouco tempo enfrentou os transtornos das obras da via marginal e da nova Ligação Iguatemi-Paralela (LIP), um pouco mais à frente.

A sensação do motorista é que, no final das contas, ele só fica com os transtornos das obras. Avenida Afrânio Peixoto, a Suburbana, é outra velha conhecida no quesito estresse e também passa por problemas gerados por obras. As intervenções anunciadas pela prefeitura prometeram resolver dois gargalos: um na saída do túnel que faz a ligação entre a BR-324 e outro no primeiro retorno para quem sai do túnel Pirajá-Lobato. Por enquanto, elas só aumentaram os atrasos e a indignação. “É desgastante andar pela Suburbana. Tem muita gente tendo problemas no trabalho, porque está chegando com atrasos constantes. Eu tenho uma audiência amanhã e por conta disso vou precisar dormir no meu local de trabalho”, desabafou Isabel Pazos, analista de Recursos Humanos que passa pela região para trabalhar.

Embora os condutores e usuários dos transportes públicos reclamem dos engarrafamentos pela cidade, a gestão vê o lado positivo. Segundo o superintendente da Transalvador Décio Martins informou à imprensa, houve um aumento de 50% na velocidade média após a inauguração dos elevados da Avenida Antonio Carlos Magalhães, do mergulhão na Avenida Magalhães Neto e ainda do Complexo Rei Pelé, que liga a Avenida Anita Garibaldi ao Lucaia. A conta, no entanto, ficou para que os pedestres paguem, já que nessas regiões a mobilidade de quem anda a pé foi deixada de lado.