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Centro de cultura e comércio, Feira de São Joaquim celebra 60 anos de histórias e resistência

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Centro de cultura e comércio, Feira de São Joaquim celebra 60 anos de histórias e resistência

Muito mais que comércio, a feira é sinônimo de resistência e agora celebra aniversário na expectativa pelo fim de revitalização

Centro de cultura e comércio, Feira de São Joaquim celebra 60 anos de histórias e resistência

Foto: Metropress/Filipe Luiz

Por: Luanda Costa no dia 12 de setembro de 2024 às 12:14

Reportagem publicada originalmente no Jornal Metropole em 12 de setembro de 2024

Entre apelos de comerciantes, anseios de urbanistas, fome do consumidor e a agonia do burro de carga: esta é a Feira de São Joaquim. O espaço que é referência sociocultural de Salvador completa 60 anos neste mês e inicia as comemorações no domingo (14), entre vendas e tradições. Muito mais que comércio, é sinônimo de cultura e resistência soteropolitana. Sobreviveu a uma história regada a fogo e à era dos supermercados, representando até hoje, para muitos, a mãe, como é carinhosamente chamada pelos vendedores mais longevos, capaz de prover o sustento.

O comércio da maior feira livre da Bahia começou muito antes que qualquer um possa lembrar hoje: uma pequena venda nas proximidades do porto, originou o comércio local há mais de 300 anos. Com expansões desenfreadas, realocações e incêndios criminosos, passou a ser conhecida como Feira do Sete, depois Água de Meninos, na região onde os jovens órfãs da Casa Pia se banhavam. A confusão e o local privilegiado (um tanto mais à frente de onde funciona hoje) incomodavam os urbanistas da época. Não por coincidência, o local foi alvo frequente de incêndios criminosos, até o fogo derradeiro, em 1964, atribuído supostamente a um vazamento de gás.

A feira resistiu e logo após o incêndio se reergueu batizada finalmente de Feira de São Joaquim, logo ao lado do local original. E continua resistindo até hoje. Elizeu Andrade Barreto, conhecido por sua loja “Zeu Massa Pronta”, é um dos trabalhadores que acreditam que tudo que conquistaram foi a feira que prometeu. Quando criança vendia feijão, camarão e azeite com o pai. “Só em 2006 que comecei a vender a massa do acarajé, são 18 anos de muita persistência. Aquela feira ali é uma mãe. Passamos por um incêndio e perdemos tudo, depois de uns anos até quebrei duas vezes, mas sempre nos restituímos”, relembra.

Agora, a comemoração dos 60 anos é em clima de expectativa para a requalificação. Isso porque, em abril, foram retomadas as obras da segunda etapa do projeto coordenado pela Secretaria de Turismo do Estado e iniciado em 2011. A ideia era preservar a autenticidade de um lugar que é overdose de Bahia.