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Um dos políticos baianos mais longevos, ex-governador Antonio Lomanto Jr. estaria completando 100 anos
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Um dos políticos baianos mais longevos, ex-governador Antonio Lomanto Jr. estaria completando 100 anos
Programa especial na Metropole celebrou o centenário de nascimento do ex-governador
Foto: Reprodução
Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 18 de dezembro de 2024
Em 29 de novembro de 1924, há exatos cem anos e alguns dias, nascia na cidade de Jequié, no sudoeste da Bahia, aquele que se tornaria um dos nomes mais longevos na política baiana. Carismático e popular, o ex- -governador Antonio Lomanto Jr. completaria neste ano 100 anos, 50 deles vividos ocupando cargos (vale destacar) eleitos pelo povo. Seu centenário de nascimento foi comemorado na Metropole com um programa especial, conduzido por Mário Kertész e com a presença do empresário Lomanto Neto e o deputado federal Leur Lomanto Jr., respectivamente filho e neto do ex-governador, além de Joaci Góes, antigo amigo, jornalista, ex-deputado e presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHBA).
Por pouco, presidente
Lomanto Jr. formou em Odontologia, mas logo percebeu que sua verdadeira vocação era a política. Foi vereador, prefeito por três vezes, deputado estadual e federal, governador e senador. E, por pouco, não foi presidente da República.
Essa parte da história foi lembrada por Joaci Góes, que contou que ele e Mário Kertész estavam em um jantar com lideranças nacionais do MDB e Tancredo Neves. Joaci então sugeriu que, para sensibilizar o Congresso Nacional, ele deveria escolher como vice alguém popular do Nordeste e esse nome seria Lomanto Jr. Tancredo então mostrou interesse, mas o baiano acabou sendo convencido de que não poderia romper com Maluf (adversário de Tancredo) e que Mário e Joaci “eram dois malucos”.
Resultado: Tancredo foi eleito presidente, morreu antes de assumir, e quem se tornou presidente foi seu vice, José Sarney.
Antes disso, Lomanto Jr. já havia sido governador, eleito em 1962. Ele era prefeito de Jequié e presidente da Associação dos Municípios do Brasil, quando decidiu candidatar-se, mesmo sabendo que essas funções não lhe tornavam um nome competitivo. Chegou a ouvir piada do então governador Juracy Magalhães ao comunicar que queria sucedê-lo e foi repreendido por um familiar que pediu para não pôr a família no ridículo.
Feijão na lapela
Como o neto Leur Lomanto Jr. traduz, a campanha de um jovem, de apenas 37 anos, desacreditado, acabou se tornando histórica e memorável. Lomanto venceu a eleição contra Waldir Pires - que era apoiado pelas forças tradicionais e pela esquerda -, e se tornou o último governador eleito na Bahia antes do golpe de 1964. O símbolo da campanha vitoriosa era um feijão colocado na lapela das roupas e o slogan “hoje feijão na lapela, amanhã feijão na panela”.
Dois anos depois de sua eleição, veio o golpe militar. Lomanto era do PTB, o mesmo partido do então presidente João Goulart e chegou a se manifestar pela legalidade e manutenção de Jango no poder. O posicionamento, claro, lhe trouxe sérios problemas, inclusive, com o comandante da 6ª Região Militar pedindo sua cassação.
Graças a articulações, ele conseguiu ficar no governo, mas precisou fazer modificações profundas no seu secretariado, incorporando nomes conservadores. Lomanto se recuperou, fez uma gestão marcada por obras estruturais e conseguiu entregar o governo a seu sucessor Luiz Viana Filho, indicado pelos militares. Ele morreu em 2015, aos 90 anos, depois de quase meio século na política baiana.
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