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"Eleição é redes e rua", diz Sidônio Palmeira em entrevista à Metropole

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"Eleição é redes e rua", diz Sidônio Palmeira em entrevista à Metropole

Marqueteiro do presidente Lula, Sidônio Palmeira lançou recentemente o livro “Lula em 2022 – O Marketing nas Eleições Mais Importantes da História do País”

"Eleição é redes e rua", diz Sidônio Palmeira em entrevista à Metropole

Foto: Metropress/Isabelle Corbacho

Por: Metro1 no dia 05 de setembro de 2024 às 10:34

Entrevista realizada no Jornal da Bahia no Ar e publicada originalmente no Jornal Metropole em 5 de setembro de 2024

Marqueteiro do presidente Lula e um dos nomes à frente da vitória petista na disputa pela Presidência da República em 2022, o publicitário Sidônio Palmeira lançou recentemente o livro “Lula em 2022 – O Marketing nas Eleições Mais Importantes da História do País”. Em entrevista à Metropole, ele falou sobre o desafio dessa disputa e de outras em sua carreira e comentou as estratégias de comunicação de Pablo Marçal e do governo federal. 

MK: A primeira eleição de Jaques Wagner também foi você?

SP: A primeira, de 2006, foi. A eleição que ninguém acreditava, só eu e ele. E teve um fato interessante: a gente pensou e viu que tinha um grupo que permanecia no poder durante muitos anos. Então criamos a panelinha. Tiramos tudo e concentramos na panelinha, lembro como hoje é assim ‘panelinha de um lado, panelinha no outro, já cansei de ACM e Paulo Souto’, porque um era candidato ao Senado e outro ao governo. E Wagner era totalmente desconhecido, começando como deputado federal, tinha sido candidato a prefeito de Camaçari, perdeu. E aí tinha um negócio interessante que ele ia para o interior e no início quase ninguém ia nos eventos que ele estava, depois começou a aparecer gente e me lembro de um dia que ele chegou lá no núcleo de marketing e falou ‘tem um negócio que está acontecendo, o povo está me olhando com brilho nos olhos’ e era a comunicação correndo. Foi surpreendente, ganhamos a eleição. Foi um dos grandes erros do Ibope

MK: Seu livro chama“Lula em 2022 – O Marketing nas Eleições Mais Importantes da História do País”. Por que você considera a eleição mais importante do país?

SP: Essa eleição de 2022 foi totalmente fora dos moldes normais de uma eleição, porque a gente está enfrentando ali a extrema-direita, que começou a crescer depois que sumiu após a Segunda Guerra Mundial. Agora, eles voltam com o advento das redes sociais, não que as redes sociais têm que ser condenadas, elas são muito importantes, mas também foram um instrumento que serviu para eles voltarem e se comunicarem. Porque eles se comunicam na ausência, não na presença como a esquerda vinha fazendo. Eles voltam há 15 anos, ganham na Hungria, na Polônia, na Índia, na Itália, nos Estados Unidos, aqui no Brasil e agora mais recentemente na Argentina. Então em 2022 nós enfrentamos isso, uma eleição muito difícil. E tem também outro aspecto, ninguém nunca tinha perdido uma reeleição. E nós ganhamos.

MK: A cidade de São Paulo tem um eleitorado que há muitos anos teve a coragem de eleger Luiza Erundina e agora pode eleger Pablo Marçal. Como você acha que vai se desenrolar essa eleição?

SP: Marçal tem uma característica diferente do Bolsonaro que foi em 2018. Tem coisas semelhantes nessa forma agressiva de ser, mas Bolsonaro fugia dos debates, porque quanto menos ele falava, melhor. Marçal já tem uma capacidade maior de comunicação e de informações, apesar de, na minha opinião, ainda ser raso. E ele vai pra lá pro debate como se fosse um circo. Ele se emociona, agride, bota apelido, ofende todo mundo, não fala de proposta nenhuma para cidade de São Paulo. Ele é totalmente treinado e o objetivo dele é pegar memes e falas agressivas para fazer recortes e jogar na rede social. Ele faz isso em cada debate, 30 recortes com provocação. Ele está preocupado com as redes sociais , porque lá o cara comunica para a bolha dele, não vai mostrar o contraponto daquilo. É triste que o debate político esteja sendo derrotado pelo meme, tá sendo derrotado pelo meme, pelas agressões e mentiras. E o que os outros candidatos têm que fazer? Tem que ter cuidado para não cair na vala comum, mas tem que enfrentar. 

MK: Isso mostra que daqui pra frente a campanha vai ter que ser feita nesse território? 

SP: A rede social é uma realidade. Antigamente a televisão era a coisa mais importante. Hoje tem televisão, tem rádio, mas tem rede social, que hoje tem mais força do que aquela televisão, porque tem interação e chega a um público maior. Então, muitas vezes, a gente coloca que eleição é rede e rua. 

MK: Nitidamente o governo Lula tem avanços significativos. Apesar disso tudo, as redes sociais trabalham tanto contra o governo Lula e os partidários não têm um trabalho que ajude. Isso facilita a chegada da extrema-direita. O que você acha disso?

SP: Esse governo é melhor do que a percepção popular. Ele fez muito mais do que o povo fala que ele fez, porque as pesquisas estão aí para dizer. Mas o que está acontecendo para  essa diferença? Entre outras coisas, tem um problema de comunicação que precisa ser equacionado. É preciso informar mais e uma das limitações tem sido a rede social também. É preciso equacionar para que a comunicação chegue na ponta. É simples isso? Claro que não,mas é preciso ser resolvido. Já vi o governo com o inverso, pior do que a percepção popular, porque fazem tanta propaganda, mas nesse caso o governo está fazendo mais. O presidente está muito otimista com o governo dele, ele tem colocado isso sempre, que tem feito muito e que vai ter a fase também de coleta.