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Em ano de eleição no conselho, série de decisões conservadoras e negacionistas do CFM alerta de médicos

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Em ano de eleição no conselho, série de decisões conservadoras e negacionistas do CFM alerta de médicos

Entre 6 e 7 de agosto, o Conselho Municipal de Medicina vai eleger seus novos conselheiros

Em ano de eleição no conselho, série de decisões conservadoras e negacionistas do CFM alerta de médicos

Foto: Divulgação/CFM

Por: Daniela Gonzalez no dia 25 de julho de 2024 às 11:00

Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 25 de julho de 2024

Antes das eleições municipais em outubro, uma outra deve trazer resultados diretos para toda a população: a eleição para o Conselho Federal de Medicina (CFM), que vai acontecer no início de agosto e pode manter a entidade submersa em uma maré de politização e negacionismo - sim, negacionismo em um representante da Medicina.

A menos de um mês das eleições, a politização tomou conta do processo como uma doença infecciosa. Médicos, inclusive baianos, vêm recebendo em grupos para a categoria uma enxurrada de mensagens com frases do tipo: “não deixem Lula e Padilha comandarem o CFM”, “fora PT na Medicina”, “apoie a única chapa que não votou em Lula”.

O assédio é tão grande que médicos filiados ao Cremesp chegaram, inclusive, a denunciar uma possível violação à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Muitas das mensagens chegam com a identidade visual do CFM. O conselho, no entanto, diz que não compartilhou nenhum material de apoio a chapas e que acionou a Polícia Federal para apurar conteúdos.

Com a eleição na porta, parlamentares bolsonaristas já se mobilizam também para emplacar seus conselheiros. As redes sociais e até “audiências pró- -vida” são algumas das estratégias.

Mergulhados no negacionismo

Bem antes da movimentação da eleição, médicos já acusavam o CFM de atuar na linha auxiliar do bolsonarismo. Os indícios são vários, mas o primeiro alerta acendeu em 2018, quando o atual presidente, José Gallo, não só assinou mas publicou no site do CMF um texto comemorando a vitória de Jair Bolsonaro. Outras decisões conservadoras não demoraram a chegar: a tentativa de proibir a “assistolia fetal” (método usado no aborto legal), a restrição do uso da maconha medicinal.

Até mesmo as vacinas, que deveriam ter médicos como principais defensores, foram questionadas em uma enquete do conselho. E enquanto havia aperto no controle para uns, para outros, como o kit covid, houve relativização sob o argumento da autonomia médica. Fundador da Anvisa, o médico Gonzalo Vecina Neto é um dos que não tem dúvidas sobre a politização dentro do CFM. “Quando o c onselho ignora e permite a prescrição de medicamentos sem comprovação científica, está demonstrando atitude política [...] Não há dúvida sobre isso. Foi uso político e ideológico”, afirmou