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Filósofo Francisco Bosco discute prejuízos das redes em uma sociedade desigual e violenta como a brasileira

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Filósofo Francisco Bosco discute prejuízos das redes em uma sociedade desigual e violenta como a brasileira

O letrista e filósofo foi entrevistado na Metropole durante sua estadia em Salvador para o lançamento do livro "Meia Palavra Basta"

Filósofo Francisco Bosco discute prejuízos das redes em uma sociedade desigual e violenta como a brasileira

Foto: Metropress/Filipe Luiz

Por: Metro1 no dia 25 de julho de 2024 às 00:34

Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 25 de julho de 2024

Se tem uma coisa que as redes fizeram foi abrir a porta dos desesperados pra gente chata. Tem gente que cansando ouvidos alheios do tanto que fala e não diz nada. Tem gente que expert em discursos intensos, mas sem profundidade. E ainda tem gente que mesmo ciente do erro insiste em discutir. Para eles, uma dica: “a menos que você ganhe por palavra escrita, meia palavra basta”. Foi assim, com essa frase, que iniciou a entrevista na Metropole o filósofo e letrista Francisco Bosco, que não falou de gente chata, mas do prejuízo dessas redes ao debate público.

Se você é daqueles que acredita que a ignorância é uma dádiva, já adiantamos daqui: Bosco não concorda. Muito pelo contrário, para ele, há prazer na inteligência, mas isso tem se perdido desde que o Brasil entrou num espiral de um debate público que em que meio palito de fósforo já basta para colocar fogo.

“Temos uma sociedade com problemas estruturais que não conseguem ser resolvidos. E quando chegam as redes, todo mundo passou a participar do debate numa sociedade com um nível de desigualdade e de violência muito grande, então o debate ficou conflagrado [...] As discussões se dão muito no conflito, para não dizer intolerância, perseguição, intimidação”, analisou.

As redes, que chegaram com uma ladainha prometendo discussões democráticas, são as mesmas que inviabilizam o debate público. Elas, na verdade, parecem aglutinar, através dos algoritmos, esses que saem da porta dos desesperados em bolhas ideológicas.

O problema, segundo o autor, é que a lógica seguida é a recompensa aos que seguem e reproduzem as ideias da bolha e o cancelamento a quem desafina do coro. Tudo isso, para Bosco, levanta a necessidade de regular as redes.

“Mas de que modo? Permanece um problema teórico, como é que faz isso sem avançar sobre princípios importantes de liberdade de ex- pressão? E também um problema político, porque o Congresso hoje é dominado por essa mesma direita conservadora ou reacionária a quem não interessa nenhuma regulação”, apontou. regulação”, apontou.