Há sempre um "mas" na imprensa

O governo não é tão ruim como a queda de prestígio de Lula e do próprio governo sugerem. Saiu aí o PIB do ano passado, surpreendendo todas as projeções, todas as contas de soma, multiplicação e não sei o quê, que chegam sempre a um resultado contra o governo Lula. Saiu o PIB aí, a renda per capita subiu, o emprego subiu. 

Então o governo não é tão ruim quanto as pesquisas (honestas ou não, e prefiro acreditar que sejam todas corretas). É preciso que o governo se dê conta de que ou dá à população ciência das suas correções e das suas dificuldades - que nos mandatos anteriores foram muito menores - ou ele não vai melhorar a ponto de entrar na eleição presidencial de 2026 em boas condições de disputa e com probabilidade efetiva de sair vencedor. 

Mesmo aquelas categorias, em geral, um pouco mais informadas não estão sabendo das coisas. O povão então, nem se diga. Há um propósito sempre. Todas as manchetes, todos os títulos que anunciaram o crescimento econômico de 3,4% em 2024, tem uma adversativa. Diziam sempre”mas em dezembro já caiu”, “mas no final do ano não superou”.

Se nós compararmos o que é o comportamento da comunicação atual com o que foi no governo Fernando Henrique Cardoso, escandalosamente parcial e mentirosa, vamos ver. E se não quisermos descer a Fernando Henrique, já que aquele comportamento foi um extremo vergonhoso, vamos pegar o governo Bolsonaro. Paulo Guedes teve o mesmo tratamento que Fernando Haddad? Nunca. Bolsonaro como governante teve o mesmo tratamento que dão a Lula?

Quantas asneiras e molecagens Bolsonaro disse todos os dias naquele curralzinho que ele mantinha diante do Palácio e como a imprensa tratou? E como é que a imprensa trata uma frase boba dita por Lula com intenção de fazer humor?

* A análise foi feita pelo jornalista Janio de Freitas no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras