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O poder da mentira e da raiva

O poder da mentira e da raiva

O essencial é cada um ter o que o enraivece. Divulgar notícias, sendo verdade ou mentira, tanto faz

O poder da mentira e da raiva

Foto: Reprodução

Por: metro1 no dia 07 de março de 2025 às 07:44

O Mago do Kremlin, livro do Giuliano da Empoli, foi inspirado em Vadim Baranov, escritor e crítico literário que é tido como o arquiteto da narrativa do regime de Vladimir Putin, na Rússia, ao transformar um país inteiro em um teatro político. A obra analisa e relata como teorias da conspiração, fake news e algoritmos são usados para espalhar pânico, ódio e medo: armas poderosas durante as eleições e antes delas - a partir da construção e desconstrução de candidaturas. O paralelo pode ser feito diretamente com o Brasil. Estamos diante desse cenário diariamente, em relação a Lula, Tarcísio, Haddad e também a Pablo Marçal.

Em um trecho, o narrador relembra que “o motor principal continua sendo a raiva. Sempre existirão pessoas decepcionadas, frustradas, sentindo-se perdedoras, em todas as épocas e regimes. A raiva é um dado estrutural que diminui e aumenta, mas nunca desaparece. Gerir o fluxo da raiva é o que há de mais eficaz. O sujeito perde o emprego, casa, o marido, a mulher e não consegue enxergar futuro. Nesse ponto tudo muda, e o caos se torna mais atraente do que tudo”.

A guerra pelo poder é travada na cabeça das pessoas, porque mais importante do que as cidades tomadas, são os cérebros que são conquistados mundo afora. Há quem reproduza acriticamente o lixo nas redes sociais e bata boca para obter audiência, o que acaba multiplicando a ignorância. Isso vai desde o apoio de resorts em Gaza, o incentivo de canudinhos de plástico, a anexação do Canadá aos Estados Unidos, a compra da Ucrânia, renomeação do Golfo do México para “Golfo da América”.

Mas nem é preciso ir muito longe. O essencial é cada um ter o que o enraivece. Divulgar notícias, sendo verdade ou mentira, tanto faz. Torcer como se fosse um arame para um lado e para o outro, até o rompimento. No Brasil, é dizer que o Pix vai ser taxado, que o 8 de janeiro não existiu, que viu Jesus na Goiabeira, que as urnas eletrônicas são fraudulentas, que a Terra é plana e que não existiu escravização. Tudo isso tem que ser feito com a mesma velocidade de um tiro.

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