Furdunço virou um furdunço. Vão criar o Pré-Furdunço?

O Furdunço, festa de pré-carnaval promovida pela Prefeitura de Salvador, foi criado, assim anunciou-se na época, como uma alternativa em formato menor de nossa grande folia. Promovido no final de semana que antecede a abertura oficial do Carnaval, o evento devia levar ao circuito Orlando Tapajós (Ondina-Barra), famílias, crianças, idosos, além do folião convencional... para seguir mini-trios puxando atrações, aspas "menores", dando opção a quem não queira ou não consiga pular o bicho pegando de fato. Uma espécie de Caminhada Axé (lembram?). Quem foi no último domingo ao Furdunço (e já vem assim há bastante tempo) não encontrou nada disso. O que havia ali era, pura e simplesmente, o carnaval normal, brabo, talvez um pouco pior, já que nos dias oficiais da festa há outros circuitos dividindo o público. Tudo tomado, uma pipoca maior do que a outra, filas colossais e até mesmo briga por lugar na fila de trios. Repetindo: Carnaval.

Vou desenhar, antes que distorçam: nada contra carnaval normal, minha gente. Pelo contrário. Mas, o Furdunço foi criado para ser outra coisa e, do jeito que está, tornou-se um desvirtuamento de sua própria proposta. O crescimento de uma festa pode até ser desejado e simbolizar o seu sucesso, mas esse crescimento deve se dar dentro das diretrizes da mesma festa. E o que temos nesse caso, repito, é uma grande distorção e não passa longe de ser convidativo para crianças, idosos e outros segmentos que, ainda na gestão de ACM Neto, foram anunciados como público contemplado.

Há discussões, por exemplo, sobre o BaianaSystem ainda caber no evento. Vale lembrar que Leo Santana, por motivo semelhante, teve sua participação vetada. E já imagino qual será a solução: vão criar um pré-Furdunço que, depois de duas edições, também será descaracterizado. E aí virá o pré-pré-Furdunço... e assim regressivamente, até emendar o carnaval no Festival da Virada.