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Lavagem no Congresso
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A condição mais vulnerável é a de Nísia, cuja pasta é a cereja do bolo desejada por 10 entre 10 nomes do Centrão
Foto: Reprodução
No Brasil, em 2025, o 8 de março, quando as mulheres no mundo comemoram suas conquistas e denunciam violências e escalas de desigualdade, será num sábado pós-carnaval, um fim de semana de ressaca nacional. Até lá, algumas das mulheres do primeiro escalão do Governo Lula devem conviver com a incerteza quanto à permanência no ministério ou com a angústia de serem atacadas ou fritadas no cargo. Nesse grupo estão Luciana Santos, da Ciência e Tecnologia, Anielle Franco, da Igualdade Racial, Cida Gonçalves, das Mulheres, e, principalmente, Nísia Trindade, da Saúde.
Embora a condição de Marina Silva e Simone Tebet não seja das mais confortáveis, estas não correm risco de demissão ou fritura, não exatamente por excesso de poder. Neste caso é apenas escanteio e silenciamento. A condição mais vulnerável é a de Nísia, cuja pasta é a cereja do bolo desejada por 10 entre 10 nomes do Centrão, principalmente agora, com o presidente Lula em queda nas pesquisas de aprovação do mandato. Os partidos estão todos com a chantagem pronta, em troca de votos no Congresso. Sem voto e sem padrinho que não seja o próprio presidente, a ministra não tem hoje garantia alguma de permanência na reforma ministerial.
Acusação contra Anielle
A saída de Luciana Santos do cargo é dada como certíssima. Para o seu lugar, um dos nomes cogitados é o da deputada Tabata Amaral, do PSB, partido do vice-presidente, Geraldo Alckmin. Luciana deve continuar no governo, mas, para isso, derruba Cida Gonçalves do Ministério das Mulheres, a quem substituirá. O caso de Anielle é anômalo. A ministra experimenta hostilidades vindas de dois subgrupos internos: os aliados do ex-ministro Silvio Almeida, que atribuem a ela a queda do amigo, e parte do PT do Rio de Janeiro, como o prefeito de Maricá e vice-presidente do partido, Washington Quaquá, que a critica e a acusa nas redes e na imprensa.
Amigo e defensor dos irmãos Brazão, acusados de serem os mandantes do assassinato de Marielle, Quaquá acusa Anielle de surfar na morte da irmã, nesses termos, e a denunciou por empregar, segundo ele, um funcionário fantasma em seu município. E por falar em mulheres no mandato de Lula 3.0, as coisas não estão confortáveis nem mesmo para a primeira-dama. Com a ida de Sidônio Palmeira para a comunicação do governo, Janja viu sua autonomia nas redes implodir e terminou a semana sendo acusada, por fogo amigo, de ser responsável pelo isolamento político do marido – e, automaticamente, pela queda na aprovação - por, supostamente, bloquear o acesso a ele, o que o impediria de ouvir críticas que poderiam subsidiá-lo a fazer correções de rota no que vai mal no governo. Comemorar o 8 de março com sorriso largo, quem pode mesmo é Esther Dweck, da Gestão de Inovação, a mais aplaudida pelo presidente.
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