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Lavagem no Congresso
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Naquele distante 1975, o administrador de empresas Wesley Rangel já tinha solucionado o dilema que o assombrava — investir em uma lavanderia ou num estúdio de gravação? Ganhou o estúdio
Foto: Reprodução
Carnaval batendo à porta, diversas comemorações pelos 40 anos de Axé Music, e tudo isso só reforça a nossa obrigação de celebrar também os 50 anos do estúdio WR, o ninho do Axé, mola propulsora da música baiana para o mundo. Naquele distante 1975, o administrador de empresas Wesley Rangel já tinha solucionado o dilema que o assombrava — investir em uma lavanderia ou num estúdio de gravação? Ganhou o estúdio e, em consequência, ganhamos todos nós. Inicialmente dedicado apenas a produzir peças publicitárias, isto é, jingles, o WR rapidamente viu seus músicos-funcionários formarem uma das maiores bandas da história da música baiana: Acordes Verdes, com Luiz Caldas (guitarra e voz), Alfredo Moura (teclados), Cesinha (bateria), Carlinhos Marques (baixo), Paulinho Caldas e Silvinha Torres (vocais) e Carlinhos Brown e Tony Mola (percussão). O resultado todo mundo conhece. E, quando digo todo mundo, é o mundo todo mesmo.
Nascido em plena Praça Castro Alves, ali no Edifício A Tarde (atual Hotel Fasano), o WR mudou-se depois para a Graça e, na sequência, para o endereço que ocupa até hoje, na Avenida Garibaldi. E apesar de ser, como já dito, o ninho do Axé Music, o estúdio na verdade gravou tudo o que se produziu na Bahia desde então: de Edson Gomes a Pitty, passando por Elomar e Roberto Mendes. O elenco de nomes que deveria constar nesse pequeno artigo não tá no gibi, mas deve sair em breve o documentário "WR - o Filme", de Nuno Penna e Maira Cristina, para suprir esta lacuna e contar a história desse verdadeiro quartel general de nossa música.
Aqui me contento em afirmar que o WR é o nosso Abbey Road, nosso Tuff Gong e deve ser reconhecido como tal. No filme "Axé - Canto do Povo de um Lugar", de Chico Kertész, Brown diz a certa altura: "O problema é que a gente não se incensa". Pois é, reconhecer a grandeza do estúdio que levou uma das maiores forças expressivas do mundo (a música baiana) para o mundo, deve fazer de Salvador um lugar melhor.
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