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Uma queda sem justificativa
Mesmo essa pressão opositora que a mídia faz, que é real e que tem efeito, não chega a justificar essa queda de prestígio, essa queda de aprovação do governo Lula
Foto: Reprodução
Uma pesquisa da Genial/Quaest, divulgada na última semana, indicou que, pela primeira vez na série do instituto, a avaliação negativa do governo superou numericamente a positiva. A aprovação caiu para 47%, cinco pontos percentuais abaixo do patamar registrado em dezembro. Uma semana depois, o mesmo insitituto apontou que Lula como líder na corrida presidencial de 2026, superando com vantagem todos os candidatos da direita.
Em primeiro lugar, estranhei a queda tão acentuada e súbita do presidente Lula, particularmente no nordeste. Não tenho nenhuma percepção que me ajude a compreender o que passou com um efeito tão forte, porque não vi, por parte do governo e nem da parte da sociedade brasileira, nada de tão surpreendente.
Os preços dos alimentos, por exemplo, que estão sendo acusados pelos comentaristas como justificativa, vêm subindo já há bastante tempo. Não começaram a subir de 15 ou 20 dias para cá. É um argumento que precisa ser respeitado. Mas, no meu ponto de vista, não é suficiente para explicar essa queda súbita na aprovação ou, pelo menos, na consideração mediana da qualidade do governo. É uma queda acentuada demais.
Nem o trabalho da oposição explica
A imprensa trata o governo Lula e o próprio presidente com a pior má vontade possível. Um trabalho oposicionista, indeclarado como tal, mas efetivo. No entanto, o efeito disso não é sobre o eleitorado do Lula. É sobre o eleitorado majoritário de Lula e de Bolsonaro. A maioria dos evangélicos está na mesma classe socioeconômica em que estão os eleitores de Lula no Nordeste, por exemplo.
Então mesmo essa pressão opositora que a mídia faz, que é real e que tem efeito, não chega também a justificar essa queda de prestígio, essa queda de aprovação e aumento da condenação ou da recusa ao governo Lula e ao próprio presidente. É muito confortável para o “lulismo”, para a esquerda em geral, achar que a imprensa é que causou isso. É muito confortável dizer que a mídia atinge “o eleitorado Lula”. Não, ela atinge o eleitorado em geral.
* A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras
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