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Domingo, 05 de janeiro de 2025

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O Auto da Compadecida 2 é ruim que dói

O Auto da Compadecida 2 é ruim que dói

A primeira grande falta é a do autor, pois a trama e o texto da sequência são bobos

O Auto da Compadecida 2 é ruim que dói

Foto: Reprodução

Por: James Martins no dia 03 de janeiro de 2025 às 06:22

Fui, junto com 1 milhão de co-patriotas, assistir nesse fim de semana "O Auto da Compadecida 2" no cinema. O filme registrou impressionantes números de bilheteria e superou super-produções gringas como “Sonic 3”, “Mufasa: O Rei Leão” e “Moana 2". Porém, acredito que será difícil manter o bom desempenho nas semanas seguintes, pois a triste verdade é que a sequência da obra-prima lançada no ano 2000, dirigida pela mesma dupla Guel Arraes e Flávia Saraiva e protagonizada pelos mesmos Selton Mello e Matheus Nachtergaele, é um filme muito ruim, decepcionante. Na verdade, talvez decepcionante nem seja a palavra certa, pois, já diante da notícia da continuação, todos sentimos apitar aquele alerta da prudência que aconselha não mexer em certas coisas preciosas. E o fato é que, realmente, teria sido melhor homenagear o filme não fazendo este novo, onde praticamente todos os seus principais méritos são deturpados.

No remake da Escolinha do Professor Raimundo nós sentimos que a artificialidade vem do fato de os atores parecerem estar imitando e não vivendo as personagens originais. Como Rolando Lero, Marcelo Adnet nem amarra as chuteiras de Rogério Cardoso. Pois "O Auto da Compadecida 2" entrega a mesma impressão de falsificação, só que com os atores originais. Saí do cinema me perguntando onde foi que Selton Mello esqueceu o seu Chicó. E as reações das pessoas ao meu redor eram semelhantes, vários muxoxos, várias queixas. A primeira grande falta é a do autor, pois a trama e o texto da sequência são bobos, muito abaixo do prodígio de Ariano Suassuna — feliz combinação de linguagem simples com engenhosidade e mensagem. Já aqui, tudo soa pastiche, caricato.

Digo essas coisas sem nenhum prazer. Como todo mundo, amo o primeiro filme e, portanto, sou fã dos artistas que o fizeram e que agora o mataram. A Compadecida não conseguiu o milagre de ressuscitar a própria magia. Aliás, aquela Nossa Senhora carioca de Taís Araújo só não é pior que o coronel nãoseiquem de Humberto Martins. E fico por aqui.

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