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Domingo, 05 de janeiro de 2025

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Ozempic e cérebro podre

Ozempic e cérebro podre

As expressões mais buscadas na web apontam para uma aparente loucura coletiva. O que as pessoas mais perguntam aos oráculos digitais é o que fazer com a ansiedade

Ozempic e cérebro podre

Foto: Reprodução

Por: Malu Fontes no dia 03 de janeiro de 2025 às 00:19

Os ritos, as festas e os efeitos colaterais recreativos ou adversos de ambos mantêm em movimento a ilusão em torno do tempo, mas a verdade é que, agora, enquanto se cruza a primeira semana de janeiro de 2025, poucas pessoas se dão conta da matemática cronológica real. Acabamos de entrar na segunda metade da terceira década do século XXI, e quem viveu a paranoia irrealizada do tal bug do milênio piscou o olho e acordou com um quarto do século já gasto. E preferimos esquecer que essa primeira metade da década começou com um pesadelo: a Covid.

Apesar das passas, das sete ondas ou da coragem de quem consegue vestir uma calcinha amarelo-ovo, os spoilers do futuro não são nada bons. Nessa época do ano, os veículos de comunicação sempre procuram seus oráculos de estimação para desenhar o futuro para seus respectivos públicos. Os mais pobrinhos vão de cartomantes repetitivas e caricatas. Os mais metidos vão atrás de empresas de consultoria que apontam as tendências de comportamento e do mercado consumidor.

Dormir e sexo
Os ledores de futuro, via cartas ou borra de café, dão os mesmos prognósticos que não têm como falhar, pois sempre haverá um famoso que vai morrer, outro que será objeto de um escândalo, amores e desamores sempre poderão emergir ou evaporar, e guerras e tragédias se tornarão rotinas. Já a leitura do mundo feita pelos identificadores de tendências é assustadora, de tão distópica, embora real.

Uma das expressões do ano, dos dicionários gringos que agora diagnosticam fenômenos, é brain rot, cuja tradução mais rasteira, ou mais realista, é cérebro danificado, meio apodrecido pelo consumo sucessivo e em larga escala de porcaria superficiais, coisas que, de tão inúteis e consumidas em ritmo de vertigem, causam flacidez na musculatura cerebral, desensinam a pensar e a interpretar o mundo.

As expressões mais buscadas na web apontam para uma aparente loucura coletiva. O que as pessoas mais perguntam aos oráculos digitais é o que fazer com a ansiedade, o nome de remédios para dormir, como usar Ozempic, como controlar a obesidade e quais as drogas mais heavy para fazer sexo. O futuro não é saudável.