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Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

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30 anos sem Tom, 3 dias sem Elton

30 anos sem Tom, 3 dias sem Elton

Fim de ano sempre mata alguém. E, o que é pior, a morte sequer anula os nossos problemas cotidianos mais banais

30 anos sem Tom, 3 dias sem Elton

Foto: Reprodução

Por: James Martins no dia 12 de dezembro de 2024 às 00:13

No último dia 8 de dezembro, enquanto se comemorava Nossa Senhora da Imaculada Conceição, completavam-se 30 anos exatos da morte de Tom Jobim — o brasileiro universal, um dos pais da bossa nova, autor de algumas das mais emblemáticas canções do século 20, incluindo "Garota de Ipanema", "Desafinado" e "Chega de Saudade". Tom foi, ao mesmo tempo e sem contradição, o poeta da natureza e da tecnologia: do mato, das águas, da rolleiflex e do avião. Sua morte, naquele fim de ano de 1994, repercutiu no mundo inteiro, sendo o compositor conhecido, influente e respeitado em toda parte. E quando alguém o lembrava que, entre os mais tocados do planeta ele perdia apenas para os Beatles, o maestro respondia: "Mas eles são quatro". Um dia depois, isto é, na segunda-feira (9), meu amigo Elton Magalhães, cordelista, poeta e professor de literatura morreu em um acidente de moto.

30 anos sem Tom, 3 dias sem Elton. Só para demonstrar, talvez, o quanto a gente é mesmo bem pequeno. "Viver é muito perigoso", disse Guimarães Rosa, de quem ambos gostavam. Fim de ano sempre mata alguém. E, o que é pior, a morte sequer anula os nossos problemas cotidianos mais banais. Elton era muito jovem. Parte de uma turma boa que entrou em minha vida no Cefet e que justifica a minha passagem por lá. Vi de perto o início de seu relacionamento com Patrícia, o fim (não tão de perto), sua semi-troca do rock pelo samba, sua reconversão religiosa, suas atuações cordelistas. Sempre muito empolgado, entregue. Será que não devia ser proibido se morrer na juventude?

Quando morreu outro poeta, Luiz Galvão, dos Novos Baianos, ele, Elton, repostou uma foto nossa, destacando o encontro de ambos no Pós-Lida (o recital que eu fazia). E lembrou que declamou, de frente para o autor, olhando em seus olhos, "Os Pingo da Chuva". Pois é, amigo, agora ecoo aqui para você: "Quando o céu estiver preto / E das nuvens até as sombras assombram. // É só o reflexo do que está acontecendo
Só está faltando fósforo. Me dê aí! // Faça como eu que vou como estou / Porque só o que pode acontecer / É os pingo da chuva me molhar".