A cada novo direito, uma nova onda de reação
Vargas, que devia ser rejeitado por ser ditador, foi por causa da consolidação dos direitos do trabalho
Foto: Reprodução
O Brasil levou 440 anos para ter uma consolidação das leis do trabalho. Eram até então espaços de lembranças de um ou de outro direito que não se cumpria nunca. Foram 440 anos e Getúlio Vargas, que devia ser rejeitado por ser ditador, passou a ser rejeitado por causa da consolidação dos direitos do trabalho.
O que veio contra ele depois foram lantejolas, porque, na verdade, o que deu origem à reação do empresariado, que logo se uniria aos militares “que vieram defender a democracia”, foi o reconhecimento do trabalho como atividade sujeita a leis e ao julgamento da Justiça.
Então não é surpreendente que, de cada vez que um dos direitos é ampliado ou se tenta ampliar, haja uma reação. Isso já aconteceu e acontecerá: a cada novo direito veio uma nova onda de reação e virá sempre que alguém suscitar um direito reconhecido que não está sendo aplicado.
É o caso do direito a um ao repouso correspondente ao que foi o trabalho. Um balconista, servidor de um restaurante passa o dia todo de pé. Isso é uma brutalidade contra a saúde desses milhões de pessoas. Operários, trabalhadores gráficos, trabalhadores de obras trabalham de pé o dia inteiro. Alguém que, por qualquer circunstância, precise passar um dia em pé vai sofrer consequências imediatas com dores pelo corpo e reclamar infinitamente. Esses milhões de pessoas passam a vida fazendo isso, nem na têm certeza de que vão poder sentar. É só olharmos os trens e ônibus para ver a lotação de pessoas de pé, que são as mesmas que vão passar o dia inteiro de pé no trabalho.
E os prefeitos dizem, com muita tranquilidade, que uma cidade tal é uma cidade dormitório. Os nossos técnicos vão criando essas expressões aliviante, esses eufemismos que encobrem e escondem realidades terríveis
* A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras
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