O partido da grande mídia, que de grande não tem nada
A mídia convencional brasileira é, na verdade, parte de um partido político que não se apresenta como tal
Foto: Reprodução
Na semana passada, uma pesquisa da Genial/Quaeste apontou o presidente Lula e também o ministro Fernando Haddad aparecem como imbatíveis diante de qualquer outro possível candidato na disputa presidencial de 2026. Apesar disso, veículos de comunicação traziam como destaque o percentual que declarou voto em Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas.
Sobre essa notícia escondida, primeiro é preciso - ou talvez nem seria preciso - dizer que não surpreende. Depois, é preciso não esquecer também que a corporação financeira tem, na mídia brasileira convencional, o seu veículo de dominação da opinião pública para fins de pressão aos governos e de condução de dados eleitorais. Essa condução, às vezes, fracassa, mas frequentemente sai vitoriosa pela massa de dinheiro que esse segmento financeiro pode pôr e põe nas eleições.
A mídia convencional brasileira, a que se chamava de grande mídia mas de grande só tem o nome, é, na verdade, parte de um partido político que não se apresenta como tal. É esse mesmo partido que alguns chamam de Faria Lima, em alusão à massa de empresas do setor financeiro situadas na rua Faria Lima, em São Paulo - uma tentativa paulistana de imitar Wall Street.
Esse partido indeclarado é a força dominante no Congresso Brasileiro em associação com o Agro. Então não surpreende que seja tão difícil aprovar no Congresso alguma medida corretiva do nosso próprio sistema financeiro, porque essa força política não tem contraste aqui no Brasil, ela é dominante desde muito tempo, para não dizer desde sempre.
O que pode fazer um governo, que queira perfurar os interesses dessa força e obter aprovações importantes para o país, é negociar. Mas negociar contra a falta de boa fé, falta de seriedade, contra interesses tão poderosos, dá nisso que acontece com o governo Lula. Quando as coisas finalmente são aprovadas, já estão de tal maneira desgastadas ou desfiguradas que não são mais o que era a ideia inicial. Essa notícia escondida sobre a pesquisa é essa força dominante em ação. Ela perdeu o governo, mas não perdeu o poder e continua se impondo, exigindo que Lula, Haddad e outros ministros ajam de determinadas maneiras. No final das contas, não é o governo que vence, é esse poder extra oficial.
* A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras
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