Vote na disputa pelo Prêmio PEBA para piores empresas da Bahia>>

Sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Faça parte do canal da Metropole no WhatsApp

Home

/

Artigos

/

As labaredas da Paralela

As labaredas da Paralela

Deixa de ser comparação trágica do senso comum a tese de que somos a reprodução do que o Rio de Janeiro já viveu e aperfeiçoo

As labaredas da Paralela

Foto: Reprodução

Por: Malu Fontes no dia 17 de outubro de 2024 às 00:00

O confronto de facções que se deu nos limites do Calabar com o Alto das Pombas, em setembro do ano passado, e que escalou logo depois para uma incursão territorial agressiva na Valéria, culminando com a morte de um policial federal, são eventos marcadores do avanço do tráfico de drogas sobre Salvador. Havia ação de facções antes, é óbvio. Mas ali a dimensão do problema ficou explícita e desde então raros são os dias em que as emissoras de TV não exibem confrontos nos mais diversos bairros, deixando moradores em pânico.

Alunos não podem ir para a escola, comércio fecha as portas, rodoviários suspendem a circulação de ônibus, trabalhadores amargam os transtornos. Esse cenário não apenas tem se repetido como tem escalonado. E sem fazer o inventário da letalidade desses confrontos. Nesta segunda-feira, no fim da tarde, mais uma ascensão do crime organizado pôde ser vista e está aí, registrada na imprensa. Travar a avenida mais movimentada da cidade em horário de pico e nada acontecer não é pouca coisa.

Buraco trágico

Não foram moradores nem cidadãos bem-intencionados que pararam um ônibus, expulsaram passageiros, motorista e cobrador, atravessaram o veículo no meio da Avenida Paralela, no Bairro da Paz, e atearam fogo ao veículo. Assim como o cerco ao Calabar/Alto das Pombas e a morte do policial federal, travar a Paralela em hora de pico representa um marcador a mais, em gravidade, na desenvoltura que o crime organizado atingiu Salvador.

Deixa de ser comparação trágica do senso comum a tese de que somos a reprodução do que o Rio de Janeiro já viveu e aperfeiçoou. Interromper o trânsito para incendiar ônibus é o arremedo trágico das cenas vistas com frequência nos telejornais narrando os confrontos nas imediações do Complexo da Maré, no Rio. Aparentemente, as labaredas da Paralela parecem não estar sendo tratadas na cidade como o fenômeno definidor que é da profundidade do buraco onde já caímos. E cuidado com o que faz com as mãos nas fotografias