Fuga do que precisa ser feito
Não há reestruturação possível se os fortes são contra a reforma do mundo. Isso fica manifesto muito claro quando se pensa, por exemplo, na ONU
Foto: Reprodução
Eu me valho logo do lado do universo ao qual estou filiado para manifestar a minha mais dura indignação com o que se passa permissivamente no Oriente Médio contra civis inocentes - em termos políticos e em termos de relações entre países. Isso é de uma tal negação do que se supõe que devesse ser a humanidade. E não há indignação que baste para conviver com essa permissividade das lideranças mundiais e com o que resulta disso, em termos de perversidade e de absoluta ausência de interesse pelo futuro pensado como o tempo a ser vivido pelos nossos descendentes. Porque o nosso futuro já se perdeu nessa podridão de violência estúpida, de ambição, de ganância de possuir terra e controlar o alheio.
Todas essas lideranças sabem muito bem o que é necessário, o que seria necessário para uma reestruturação das relações internacionais e da convivência entre povos e países. Mas é exatamente porque sabem muito bem o que precisaria ser feito que elas sabem também agir para evitar que isso seja feito, porque não convém a vários dos dos países detentores de influência mundial. Os Estados Unidos, por exemplo, têm um gigantesco poder em todos os sentidos sobre o mundo tal qual ele é. Interessaria aos Estados Unidos uma reestruturação desse mundo? Um conserto do que nele é desastroso? Não.
A União Europeia lucra com esse mundo que aí está e não teria ou não tem nenhuma razão para querer que esse mundo seja diferente. A Europa explora a África da maneira mais descarada, sem nenhum escrúpulo e sem nenhuma revisão do que foi o passado africano sobre o colonialismo europeu. Essa Europa vai querer alguma mudança nas relações a que a África está submetida? Não. A revolta contra a China não é outra coisa senão a resposta à independência e à soberania que a China construiu e segue construindo contra a vontade do chamado Ocidente.
Então não há reestruturação possível se os fortes são contra a reforma do mundo, a correção desses erros. Isso fica muito manifesto muito claro quando se pensa, por exemplo, na ONU. Qualquer pessoa que preste o mínimo de atenção ao papel da ONU e ao funcionamento dela percebe que daquele jeito não se vai a nada de bom. Mas ninguém consegue mudar coisa nenhuma ali, porque a ONU está sob domínio dos Estados Unidos.
*A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras
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