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Mãos para baixo: a bandidagem roubou até os nossos gestos!

Mãos para baixo: a bandidagem roubou até os nossos gestos!

As facções que alguns veem com romantismo, como se fossem grupos revolucionários roubaram dos mais pobres também o direito a usar símbolos

Mãos para baixo: a bandidagem roubou até os nossos gestos!

Foto: Reprodução

Por: James Martins no dia 17 de outubro de 2024 às 00:00

A morte dos irmãos Gustavo e Daniel Natividade, de 15 e 21 anos respectivamente, em Arembepe, supostamente por terem feito sinais apropriados por facções criminosas e, portanto, proibidos em determinadas regiões, infelizmente não é uma novidade para mim. Anos atrás, uma amiga me contou que foi repreendida de forma bastante agressiva, por bandidinhos armados, durante uma festa de aniversário na Rua da Alegria, uma transversal do Curuzu, por fazer o mesmíssimo sinal: os dedos indicador e médio erguidos, formando o que o movimento hippie popularizou mundialmente como "paz & amor". Pois bem, como uma das facções foi batizada com dois nomes, o número 2 é proibido nas localidades dominadas (e quando eu escrevo dominadas, leia DOMINADAS) pela facção batizada com três nomes. E vice-versa. Assim, fazer ou mesmo falar os números 2 e 3 em determinados lugares e situações em Salvador pode significar uma setença de morte — e não apenas entre os soldados do crime, mas também para cidadãos comuns desavisados.

Além de destruir vidas de inúmeras maneiras, exilar famílias inteiras, invadir templos religiosos, estuprar mulheres das comunidades, extorquir e humilhar comerciantes e moradores etc etc etc, as facções que alguns veem com romantismo, como se fossem grupos revolucionários anti-capitalistas, roubaram dos mais pobres também o direito a usar símbolos universais e da cultura pop. Por exemplo, o Mickey Mouse. Sim, talvez seja difícil para um jovem de classe-média imaginar, mas entre os meninos dos bairros populares já é de amplo conhecimento que usar uma camiseta com o ratinho da Disney é considerado crime grave pelos criminosos. E, como eles são a lei em amplo território, podem aplicar a pena de morte sem dó nem piedade.

Há outros símbolos e objetos em jogo, como cores, bonés etc. Nem quero ver o dia em que um grupo nefasto desses decidir que o branco é uma cor vetada, como vai ficar o povo de candomblé. Estamos assistindo de maneira inerte à escalada de um estado de terror que em breve não será mais possível controlar. E o sistema é fruto, do nosso ventre!

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