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Segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

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Para que servem os santinhos

Para que servem os santinhos

Além das gráficas, que devem faturar milhões imprimindo aquilo, quem ganha com a produção desse tipo de lixo?

Para que servem os santinhos

Foto: Reprodução

Por: Malu Fontes no dia 10 de outubro de 2024 às 00:09

O título não é uma pergunta. Mesmo porque todo mundo sabe que a montanha de papéis que se viu nas ruas no último domingo não serve para nada, exceto para produzir lixo e poluir a cidade. Não há argumento capaz de convencer uma pessoa dotada do mínimo de sensatez de que faz algum sentido gastar dinheiro, inclusive público, do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário, para produzir tanto material inútil. Um santinho, em 2024, deve funcionar para zero pessoas escolherem um candidato em quem votar. 

Nas falas publicitárias eleitoreiras, quase todos os candidatos são soldados limpinhos empunhando palavras de ordem em defesa do meio ambiente, da cidade limpa e da ecossustentabilidade. Já nas ruas, quase todos são agentes da sujeira, emporcalhando tudo. O  avanço tecnológico é tamanho que um candidato sem nenhuma representatividade partidária, sem um segundo sequer em tempo de televisão e usando apenas estratégias digitais conquista mais de 1,7 milhão de votos em São Paulo. Num cenário desses, qual tese explica a manutenção da produção de milhares de pedaços de papel de má qualidade para publicizar uma candidatura? 

Tecnologia suja
Se levarmos em conta as sanções hoje impostas pela legislação eleitoral e a ineficácia de artifícios datados de marketing eleitoral, o que se vê representa, então, o uso desse material como um paradoxo difícil de explicar. Em alguns colégios eleitorais com grande concentração de seções de votação, o volume de santinhos atirados ao chão nas imediações, neste ano, era tamanho que gerou um tipo novo de pauta jornalística: o risco de queda e de acidentes ortopédicos dos eleitores, pela superfície escorregadia gerada pela superposição de sucessivas camadas de folhinhas de papel no solo. 

Além das gráficas, que devem faturar milhões imprimindo aquilo, quem ganha com a produção desse tipo de lixo? Qual a utilidade daquilo. Não vale citar a memória curta do eleitor e a tese da colinha levada na carteira. Como a legislação eleitoral é forçada a evoluir a cada eleição, para dar conta de coibir práticas abusivas quanto ao uso ilegal de recursos e de deter o uso desonesto de artifícios gerados pela tecnologia, não soa crível que a poluição das cidades pela nuvem de santinhos eleitorais não seja objeto de nenhuma medida. Se o processo eleitoral ainda precisa de uma tecnologia publicitária tão suja, algo está bem errado.