Paraíso para criminosos e inferno para viciados

Só entre janeiro a agosto deste ano foram movimentados R$ 16 bilhões, informa o Banco Central. Um paraíso para criminosos lavarem dinheiro e um inferno para muita gente que já está viciado.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, disse que já se tornou um problema social grave. Campos Neto, diretor do Banco Central, afirmou que esse cenário de cassino está levando ao aumento da inadimplência. O projeto de regulamentação era da época de Jair Bolsonaro, mas só foi votado no ano passado. Na ocasião, por aclamação, todo mundo votou a favor das bets, com exceção do Psol e Novo.

Só neste ano, 25 milhões de pessoas já jogaram. E um instituto chamado Locomotiva diz que 86% dos apostadores já têm alguma dívida e 64% estão com o chamado ‘nome sujo’. Papel marcante têm tido os influenciadores - inclusive os influenciadores mirins - na publicidade. Os anúncios na televisão estão absolutamente fora de controle. Tem campeão olímpico, jogador de futebol, virou uma zona. Dois exemplos do barulho que isso está causando: o cantor Gusttavo Lima, que uma juíza mandou prender e outro juiz mandou soltar. E também nesse prende e solta, essa estranhíssima figura chamada Deolane Bezerra. Presa e solta há algumas semanas, suspeita de usar a própria casa de apostas para lavar dinheiro de origem ilegal.

Advogada influencer, essa Deolane ficou presa 20 dias em Buíque, no Agreste de Pernambuco. Ela é viúva, tenho certeza que todos conhecem profundamente, do finado funkeiro MC Kevin. Além de ter mais de 20 milhões de seguidores no Instagram, tem uma fortuna calculada entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões. E o deboche é tanto que, ao deixar a cadeia, em um sol de lascar, Deolane foi festejada por um bando de lascados, supostamente fãs, que abriram um espumante para comemorar uma milionária que ganha dinheiro sabe- -se lá como tal. A coisa realmente está feia.

* A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras