Bete Balanço, por favor, me avise quando for embora

Você se lembra da máfia da Loteria Esportiva? Pois é, não foram as bets que inventaram as fraudes associadas a apostas no futebol. A questão é que, com elas, o negócio ganhou uma proporção absurda, gigantesca. Hoje em dia, não é possível falar nem pensar no esporte sem esbarrar em uma casa de apostas online, numa bet. Além de encher a internet de anúncios, elas patrocinam times, jogadores, locutores, arenas como a nossa Fonte Nova, e até mesmo o Campeonato Brasileiro etc etc etc. Para se ter uma ideia, a CPI das Apostas Esportivas, prorrogada até o fim do ano, tem como presidente o senador Jorge Kajuru, que foi garoto propaganda de uma bet, e como relator o ex-jogador e também senador Romário, que é presidente de um time patrocinado por outra. Se correr a bet pega, se ficar a bet come. E se grande parte das CPIs acabam em pizza, é possível apostar em qual final para mais essa?

Além dos problemas ligados a lavagem de dinheiro, vício, aliciamento de menores e agravamento da pobreza das famílias mais pobres, o esquema das bets concorre também para quebrar ainda mais a magia do futebol. A manipulação de resultados, visando beneficiar apostadores, já deixou a Série B e implica atualmente até jogador da seleção brasileira — o caso Lucas Paquetá. O Botafogo vinha liderando o campeonato do ano passado até perto do final. Despencou de repente e perdeu o título. Qual a porcentagem de torcedores que acredita ter sido fraude? O nosso futebol já não parece mais ser exatamente a galinha dos ovos de ouro. Mas, mesmo assim, corre o risco de ter as tripas arrancadas por nossa ganância desenfreada.

Por enquanto, nem impostos as apostas arrecadam, sendo as empresas quase todas instaladas fora do país. Um deputado já pediu mais uma CPI, para investigar, entre outros, casos como os de Gusttavo Lima e Deolane Bezerra. O presidente do Conar promete uma regulação exemplar para o ano que vem. E aí, vai dar certo? Faça sua aposta.