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Quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

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Lugar de desvio de qualidades

Lugar de desvio de qualidades

Arthur Lira sai da Presidência no começo do ano que vem sem deixar nada que atenda às necessidades que esse país tem de uma Câmara

Lugar de desvio de qualidades

Foto: Reprodução

Por: metro1 no dia 25 de setembro de 2024 às 00:00

A eleição para Presidência da Câmara dos Deputados só acontece em 2025, mas Arthur Lira (PP-AL), atual presidente, já tem se movimentado e negociou apoio a Hugo Motta (Republicanos-PB), na sucessão do cargo. A notícia caiu de surpresa para os outros candidatos, Antônio Brito (PSD) e, em especial, Elmar Nascimento (União), até então, amigo pessoal de Lira e nome cotado para receber seu apoio.

Alguém pode se surpreender com um ato do Arthur Lira abandonando, no meio do caminho, uma pessoa que ele mesmo puxou até o meio do caminho? É o Arthur Lira, é a Câmara de hoje, é a política partidária grupal-pessoal que está sendo praticada em Brasília há algum tempo. Não há muito o que especular em torno desse fato. Não é só a conduta dele com Elmar, mas com a Presidência da Câmara, com a política brasileira, com a expectativa e as necessidades que esse país tem de uma Câmara efetivamente produtiva e majoritariamente honesta.

Arthur Lira sai da Presidência no começo do ano que vem sem deixar nada que atenda a essas qualidades. O que é triste nesses espetáculos é ver a facilidade com que as pessoas não aproveitam nem as suas qualidades. Tudo isso para atender à sua ambição tão rasteira. Eduardo Cunha, por exemplo, é uma pessoa inteligente, não é um idiota. É bastante inteligente, ativo, tem uma percepção política afinada. Mas não é para as coisas de que o país precisa que ele dirige essas qualidades.

Esse desvio se dá no Brasil com muita facilidade e numa proporção muito grande no meio político. Essa é uma incógnita que eu acho que mereceria um interesse maior das pessoas com cabeça suficiente para mergulhar nesse tipo de pergunta, em busca de respostas que orientem algum comportamento saneador.

Ficam duas perguntas. Uma é a seguinte: por que esses que se tornam políticos do empreendimento ilegal, imoral e antiético se proliferam tanto no Brasil? A segunda pergunta é por que, para o nosso azar, eles têm tanto mais facilidade de se tornar poder político do que os íntegros e responsáveis? Essas duas perguntas ficam em aberto.

* A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras