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Quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

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O fogo brasileiro na ONU

O fogo brasileiro na ONU

Se o Brasil é o pulmão do mundo, os alvéolos estão se transformando em cinzas, e até aqui o país tem demonstrado pouca ou nenhuma capacidade de combate

O fogo brasileiro na ONU

Foto: Reprodução

Por: Malu Fontes no dia 26 de setembro de 2024 às 00:00

Brasileiro adora um mito sobre si mesmo, embora os mitos nacionais estejam se tornando memes. Éramos o país do futebol. Agora, é o país do 7x1. Em todas as conferências internacionais sobre meio ambiente e clima, repetia-se o clichê de que éramos o pulmão do mundo, com uma natureza colossal. Agora, enquanto o presidente Lula discursa na Organização das Nações Unidas, o mundo vê imagens desérticas dos rios amazônicos e das labaredas destruindo fauna e flora no país.

A quase arrogância com que o Brasil reagia ao discurso dos países ricos, quando acusado de não preservar a Amazônia, vai se tornando constrangimento. Até aqui, o tom era mais ou menos este: ‘os países ricos não têm moral para cobrar preservação ambiental do Brasil. Se querem nossa preservação, pois que paguem’. E pagavam, pagam, através dos fundos ambientais internacionais.

Alvéolos de cinzas
Nesta terça-feira, durante a conferência da ONU, o presidente Lula defendeu a tese de que países ricos devem auxiliar financeiramente o combate aos efeitos das mudanças climáticas. Que a mudança climática resulte em escassez de chuvas, em menos fluxo de água nos rios e em florestas mais vulneráveis a incêndios, o mundo rico é capaz de entender. Mas daí a aumentar o fluxo de dinheiro para preservação onde há quase 6 mil focos de fogo e muitos deles iniciados por ação humana voluntária e criminosa, parece difícil acontecer.

Se o Brasil é o pulmão do mundo, os alvéolos estão se transformando em cinzas, e até aqui o país tem demonstrado pouca ou nenhuma capacidade de combate. As queimadas brasileiras chegaram a níveis tão graves que vem se tornando rotina a publicação, na imprensa, dos índices de qualidade do ar das capitais. Índices acima de 100 representam insalubridade com danos severos à saúde. Nesta terça-feira, o Índice de Qualidade do Ar de Salvador era 54. O de Cuiabá, 182, Porto Velho, 179, os piores do país no dia.