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As cinzas de São Paulo

As cinzas de São Paulo

Os ventos levando poeira de cinza, depositando-a sobre cidades inteiras, casas, móveis, objetos, tornando a respiração insuportável

As cinzas de São Paulo

Foto: Reprodução

Por: Malu Fontes no dia 12 de setembro de 2024 às 00:11

Na segunda semana de setembro de 2024, durante o inverno no Brasil, o mundo foi informado de que São Paulo tinha, neste dia, a pior qualidade do ar, entre todas as metrópoles do mundo. Foi a primeira vez que isso aconteceu, e são plenas as possibilidades de que o Brasil volte a ostentar essa condição outras vezes. Mas a impossibilidade de respirar neste fim do inverno e início da primavera é causada pelas queimadas, boa parte delas criminosas, que se alastram pelo país, atingindo Norte, Centro-Oeste e Sudeste.

O ar não se torna apenas seco, mas carregado de fuligem e cinzas da vegetação incendiada. Os ventos levando poeira de cinza, depositando-a sobre cidades inteiras, casas, móveis, objetos, tornando a respiração insuportável. Coisa de filme futurista. Em São Paulo, e não só lá – mas lá a imprensa noticia melhor, pela concentração de meios noticiosos e de estrutura tecnológica para medir cientificamente o caos -, as emergências hospitalares ficaram lotadas. Ecochatos e porto fechado

Idosos, crianças, asmáticos e até animais domésticos sofriam mais. Alergologistas recomendam o uso de máscaras resistentes, pois a inalação dos elementos sólidos presentes na atmosfera adoece os pulmões. Não dá mais para colocar a conta da mudança de comportamento diante do meio ambiente na agenda de ambientalistas e ecologistas, até ontem alvos de piadas e do estigma de ecochatos. Estavam certos.

Como ignorar a distopia concreta de ver o Porto de Santos (SP), o maior da América Latina, fechar e parar completamente suas operações no domingo e na segunda-feira? A Capitania dos Portos suspendeu a navegação por duas vezes, somando mais de 18 horas totais, por absoluta falta de visibilidade, causada por uma neblina espessa de fumaça, fuligem e cinzas que turvou toda a região portuária. A frase era de efeito, usada por ambientalistas, mas agora os brasileiros estão aprendendo seu significado ao respirar. No planeta, não tem dentro nem fora. Todos estão dentro.