Um SUS da Segurança e um Congresso de generais e delegados

Uma manchete em um portal de notícias traz o seguinte título: PMs de São Paulo dizem ter matado mais de 25 na carreira. Admitamos que foram 25 mortes absolutamente inevitáveis, que eles estavam cobertos de razão, a pergunta é a seguinte: como duas pessoas que matam 25 continuam atuando na rua? Como não tem um afastamento como em qualquer polícia do mundo? Uma conversa com terapeuta?

Compreende-se. O capitão Tarcísio Freitas é o governador, Guilherme Derrite é o secretário de segurança, que é um matador confesso, o candidato a vice agora do prefeito Ricardo Nunes é alguém que veio da Rota, o Coronel Mello Araújo (PL). Então você tem uma lógica e uma cultura nessa história.

Mas para não dizer que é só São Paulo, tem outra manchete, do Guardian, jornal britânico, que fala sobre as mortes na Bahia. É no Brasil todo. Tem a ver com grupos criminosos, milícias. Agora há um plano a ser anunciado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e eu acho fundamental. O governo tem que tratar com absoluta urgência, porque o tema violência vai ter custo, além do custo real de vidas, vai ter custo político.

O plano propõe que as polícias integrem um todo. É o chamado SUS da Segurança. A dificuldade desse plano é que uma integração pressupõe que as polícias se autoconhecerão e eu me pergunto quantas das polícias do país querem essa integração e serem “mutuamente” conhecidas nas suas práticas. O ministro vai enfrentar uma grande dificuldade para tornar isso efetivo, inclusive para passar isso no Congresso, coalhado de generais e delegados deputados.

* A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras