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Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

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Os kids pretos e o golpe no Brasil

Os kids pretos e o golpe no Brasil

Jornalista e colaborador da Metropole, Bob Fernandes afirma que a comissão só será significativa se investigar o envolvimento militar, que ele considera “óbvio, claro e evidente”

Os kids pretos e o golpe no Brasil

Foto: Reprodução

Por: Bob Fernandes no dia 15 de junho de 2023 às 09:42

Instalada no final do mês passado, a Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) sobre os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro terá 180 dias para investigar a invasão às sedes dos três Poderes. Para o jornalista e comentarista político da Rádio Metropole, Bob Fernandes, o colegiado tem a obrigatoriedade de apurar a relação dos militares com o episódio golpista.

Bob Fernandes afirma que a movimentação golpista teve conhecimento do alto comando das Forças Armadas do Brasil. Ao relembrar uma reportagem da revista Piauí, de Allan de Abreu, o jornalista ressalta a participação dos “kids pretos”, que são agentes considerados da elite das forças especiais do Exército, no ato das invasões. Entre eles, o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes, que dirigiu o setor de Logística do Ministério da Saúde no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

No governo Bolsonaro, havia 26 “kids pretos”, como Luiz Eduardo Ramos, que foi ministro-chefe da Casa Civil, o tenente-coronel Mauro Cid e Eduardo Pazuello, que comandou o Ministério da Saúde. Os “kids pretos” representam apenas 0,25% do Exército. Pelo menos, três deles participaram do atentado que ocorreu em Brasília no dia 12 de dezembro do ano passado.

Bob Fernandes recorda ainda uma conversa citada na mesma reportagem da revista Piauí. O diálogo ocorreu em março de 2018 entre militares. Na ocasião, o general Luiz Eduardo Ramos liga para Bolsonaro, então candidato à Presidência, e quando desliga, ele diz: "estão vendo? esse cara (Bolsonaro) está nas nossas mãos. Se ele for eleito, a gente vai governar com ele".

O jornalista questiona se haverá determinação e coragem dos atores da CPMI em confrontar a categoria dos militares. O colaborador da Metropole afirma que a comissão só será significativa se investigar o envolvimento militar, que ele considera “óbvio, claro e evidente”. Caso contrário, segundo a análise de Bob Fernandes, estaremos novamente varrendo a sujeira para baixo do tapete e repetindo o erro que, em sua opinião, o Brasil cometeu ao não responsabilizar os militares após o fim da ditadura. Ele conclui que o dia 8 de janeiro é um resultado da Lei da Anistia.

*A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às sextas-feiras