Segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

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O novo mundo de Trump

O novo mundo de Trump

Chama atenção o tom de enfrentamento flácido manifestado pelos progressistas de sofá, os do lado de cá, o sul global que os trumpistas desprezam

O novo mundo de Trump

Foto: Reprodução

Por: Malu Fontes no dia 23 de janeiro de 2025 às 06:49

Elon Musk com o braço erguido no ar, mimetizando uma saudação nazista e aplaudido em uníssono. O chapéu vetusto azul-marinho, de copa funda e abas largas, usado pela primeira-dama Melânia Trump. A presença feliz na primeira fila dos donos das big techs na posse. O corolário de medidas anunciadas pelo presidente empossado contra minorias, imigrantes e outros países. O desprezo por todo e qualquer protocolo de defesa do meio ambiente. São muitas as evidências explícitas de Donald Trump de que seu governo será extremamente conservador, reacionário e distópico. 

Chama atenção, no entanto, o tom de enfrentamento flácido manifestado pelos progressistas de sofá, os do lado de cá, o sul global que os trumpistas desprezam, prometendo não soltar a mão de ninguém e continuar lutando pela democracia no mundo. O momento do mundo é trágico, mas o enquadramento dos textões nas redes são risíveis. Primeiro pela contradição metalinguística. É muita gente classificando o eleitorado americano e o trumpismo como um coletivo de acéfalos, que consiste em idiotas elegendo idiotas, enquanto nós, de cá, professores de Deus, somos quem sabemos das coisas, claro.  

Vibe chinesa

O paradoxo do tamanho de um elefante adulto é o fato de os tais textos precisarem de nada menos que dos idiotas donos das big techs sem as quais os protestos não estariam circulando. Usar o Instagram para os textões demonizadores de Mark Zuckerberg e o X para denunciar o capitalismo predatório, transformado em imperialismo distópico a partir de ontem, praticado por Elon Musk, dono da rede e agora ocupando um cargo estratégico na Casa Branca, parece revolucionário, mas é só revelador de quem tem quem no bolso.  

Anunciar que resistiremos e mudaremos o mundo é coisa bonita de se fazer e bom de ler, nas horas vagas. Acreditar nisso, nesse cenário internacional que escalou em muitos graus com a posse de Trump, é algo muito acima da ironia involuntária, principalmente pelo pacto de resistência estar sendo proposto nas redes, cujos donos estão afinadíssimos com o novo morador da Casa Branca. As big techs já nos mudaram e, sem elas, melhor treinar escrever com carvão na parede de casa. Ou torcer pelo triunfo do capitalismo de vibe chinesa, a exemplo daquele soft power incrível visto na Bahia recentemente, com os chineses traficados para o parque de uma montadora. Quem achar a saída, compartilhe.