Redes sociais auxiliaram na difusão da meritocracia e do supremacismo, alerta André Lemos

O professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), André Lemos, revelou uma preocupação com os impactos das redes sociais na sociedade contemporânea.  Em entrevista à Rádio Metropole nesta sexta-feira (24), ele afirmou que essas plataformas têm contribuído para a disseminação de narrativas como a meritocracia, o supremacismo e o fascismo, além de consolidarem um sistema global de vigilância que considera perigoso e preocupante.

“Estou muito assustado, estamos vendo o fim de um mundo. Não é o fim do mundo, mas a vida é muito maior que nós mesmos”, afirmou. Lemos relembrou a popularização da internet nos anos 1990, mas lamentou que o ambiente digital tenha se tornado o que é na atualidade. “Se, na época, me dissessem que daqui a 30 anos teríamos negacionismo científico, fake news e bolhas, eu jamais acreditaria”, disse.

Segundo o professor, as redes sociais têm um efeito performativo, que induz os usuários a desejarem o que as plataformas sugerem. Ele apontou a ligação entre essas empresas e o poder político como alarmante e criticou publicamente o comportamento de figuras como Elon Musk, que fez gestos supostamente nazistas durante a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “A vinculação das redes sociais ao poder, acoplado à influência que elas têm, é assustadora”, acrescentou ele ao dizer que as redes normalizam discursos de meritocracia e de supremacia.

Lemos também explicou que grandes corporações tecnológicas ampliaram um sistema de vigilância global preocupante. "Nós temos uma rede que se espalha para o mundo todo e que colhe informações de todas as pessoas, na ação mais ínfima. Elas retêm todas as informações. É um sistema de vigilância muito distribuído, muito grande e muito perigoso.