Jessé Souza: Ninguém explicou ao pobre que o inimigo dele está na Faria Lima

No programa Na Linha desta sexta-feira (12), o escritor e sociólogo Jessé Souza explicou que a origem do seu novo livro “O Pobre de Direita” veio com o resultado das eleições de 2018, quando Jair Bolsonaro foi eleito presidente. O sociólogo defende que o cidadão brasileiro de classes menos favorecidas são atraídos pela extrema direita que manipula a sua raiva.

Segundo Jessé, o ‘pobre de direita’ carrega um sentimento de raiva por seu fracasso e empobrecimento, que avançou principalmente após o impeachment de Dilma Rousseff em 2016. “Mas ninguém explicou a ele que o inimigo dele está na Faria Lima”, diz o sociólogo, se referindo à elite e ao mercado. Jessé ainda acrescenta que a extrema direita vai apontar um inimigo para esse cidadão direcionar sua raiva.

O sociólogo também rebate aqueles que afirmam que os apoiadores de Jair Bolsonaro são apoiadores por serem conservadores ou evangélicos. Para o sociólogo, há uma razão mais profunda. Ele aponta que boa parte disso vem de escolhas pessoais que, dentre tantas, o indivíduo busca a mais repressiva, justamente por não saber quem são seus reais inimigos.

“O segmento onde ele [Bolsonaro] é mais apoiado é o que a gente chamava de antiga classe C. O pessoal que ganha entre 2 e 5 salários mínimos. É um segmento intermediário, abaixo da classe média real. Na sua má propaganda, o PT fez com que ficasse muito difícil, porque se você é, em qualquer país pobre, renda média, você é pobre, não é classe média. Então esse tipo de segmento se imagina classe média, ou seja, se engana. E a classe média se imagina elite”, explica. E acrescenta: “isso inviabiliza mais ainda essa elite que comanda tudo. E o grande dispositivo de poder é se mostrar invisível”.

Confira o programa completo: