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"Humilhação é a principal motivação para toda luta política", diz Jessé Souza
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"Humilhação é a principal motivação para toda luta política", diz Jessé Souza
A análise foi feita no Jornal da Metropole no Ar desta segunda-feira (18_
Foto: Reprodução/Youtube
No livro O pobre de direita: A vingança dos bastardos, o sociólogo Jessé Souza analisa a trajetória do cidadão atraído pela extrema-direita, fazendo uma analogia à história do personagem Coringa. A análise acabou, na última semana, se assemelhando mais a uma previsão, após o episódio em que Francisco Wanderley Luiz, vestido de coringa, aciona explosivos e morre com um deles em frente ao Supremo Tribunal Federal. Em entrevista à Rádio Metropole nesta segunda-feira (18), o sociólogo explicou que a extrema-direita age a partir do sentimento de humilhação naquele cidadão vulnerabilizado pela ação do próprio capitalismo.
"Humilhação é a principal motivação para toda luta política. Quando vc mostra que tem uma saída e tem um causador real, você tem as grandes revoluções que o Ocidente já teve. Mas, quando você não sabe quem é o seu inimigo, você pode ser manipulado naquela sua necessidade mais básica e ser usado como massa de manobra de uma mesma elite, porque toda extrema-direita no fundo era partido elitista, mantendo lucro das empresas e etc", explicou.
No caso do Coringa e das classes mais vulneráveis socialmente e atraídas pela extrema-direita, não há, segundo Jessé, a clareza de quem é o inimigo. “O Coringa é justamente um produto desse capitalismo financeiro. Um cara que empobreceu, estagnou, se sente humilhado porque não vê mais o reconhecimento do seu trabalho, não consegue pagar mais as contas, articular um futuro possível. E o principal: ninguém explicou isso pra esse cara. Como ele vai saber que quem rouba ele é o rentismo dos bancos, a imprensa inteira está nas mãos desse pessoal”, explicou.
Segundo Jessé, é essa desorientação e esses sentimentos de humilhação e raiva que vão abrir as portas para que a extrema-direita o atraia, fazendo com que ele se sinta empoderado. “A extrema-direita acrescenta ainda um sistema imaginário, [os inimigos] vão ser os inimigos do Trump, de Bolsonaro. O que esse cara recebe com isso é um sentido pra vida. Ele pega aquela humilhação e pode colocar a culpa em alguém, não mais se sentir um lixo, e acredita que está participando de um projeto grandioso. Imagine um cara que nunca teve nada e dão a ele um projeto de futuro, uma possibilidade de saída heróica da vida nas sombras”, afirma Jessé, destacando que o trágico caso de Francisco Wanderley Luiz é a síntese de todo instante político que a sociedade vive.
Confira o comentário na íntegra:
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