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Wilson Gomes: "Entre as eleições brasileiras e as americanas, posições da direita não arrefeceram"

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Wilson Gomes: "Entre as eleições brasileiras e as americanas, posições da direita não arrefeceram"

O doutor faz uma conexão de sentido sobre uma série de eventos da política brasileira contemporânea, tendo em vista as candidaturas de 2024

Wilson Gomes: "Entre as eleições brasileiras e as americanas, posições da direita não arrefeceram"

Foto: Reprodução/Youtube

Por: Metro1 no dia 06 de outubro de 2024 às 09:55

Atualizado: no dia 06 de outubro de 2024 às 10:52

Neste domingo (6), a Metropole tem uma programação especial para acompanhar as eleições municipais de 2024. Em entrevista à Rádio Metropole, o jornalista, professor universitário e também comentarista em outros veículos como Folha de S.Paulo, Wilson Gomes, falou sobre as candidaturas e disputas no Brasil, traçando paralelos com a política internacional e com as eleições de 2016 e 2018 no país. 

Desde 1989, o professor ensina, pesquisa e orienta nas especialidades de comunicação, política e democracia digital. Wilson alega que desde 2019, a pergunta fundamental de quem trabalha com política é: "Quando as pessoas vão voltar à normalidade? Em 2016, nos Estados Unidos, e em 2018 no Brasil, a população votou com raiva, medo e desprezo à política, e isso é cansativo". Em 2024, para ele, "entre as eleições municipais brasileiras e as americanas, as posições de direita e extrema direita não arrefeceram" e o "pêndulo da opinião, percepção pública e intenções eleitorais" não retornou padrão anterior a 2016, "de alternância entre centro, direita e esquerda". 

O pesquisador toma como exemplo as eleições em São Paulo "onde "há duas candidaturas que seguem esse eixo (de extrema direita), com chances de segundo turno". Ele analisa o efeito das propragandas eleitorais e a forma como a direita instrumentaliza a sua força no cenário político, que além da televisão "que ainda é um instrumento muito potente", tem uma grande parte desse contéudo eleitoral distribuído nas redes sociais, pois "a mídia digital absorve tudo". Para ele, nessa eleição paulista, há uma concorrência entre "o âmbito digital de rifeiros, influencers e coachs, contra a figura de Datena, "que do ponto de vista eleitoral, nem disputou esse jogo". O "digital popular" teria passado por cima do que se convenciona sobre as disputas e candidaturas. 

No entanto, ele ressalta que, por outro lado, em 2018, o candidato à presidência da república Geraldo Alckimin "com um latufúndio de tempo de televisão desafiou Bolsonaro, que não tinha tempo algum, e levou uma surra, saindo com menor em intenção de voto depois do final do período de propraganda eleitoral do que quando entrou". O doutor ainda compara este cenário, onde o bolsonarismo ganhou extrema visibilidade, com o atual perspectiva onde Pablo Marçal cresce sob "um canhão digital". 

Wilson acredita que, de certa forma, Marçal é como "um Bolsonaro 2.0". O que difere entre as figuras é principalmente suas relações com as redes socias. Enquanto Jair "não é uma criatura digital, até mesmo pela idade dele", Marçal é como um "showman". Para ele, a vantagem que  Bolsonaro teria naquele ano era a força da família, representada pelos quatro 'Bolsonaros': Jair e seus três filhos. "O Pablo Marçal tem um domínio mais extremo que o bolsonarismo teve no conjunto da eleição de 2018. Ele pode ser comparado com Nikolas Ferreira nesse sentido, um influencer, sujeito que produz contéudo o tempo todo, para consumo rápido, e monetiza isso. Além disso, ele é a primeira figura do campo bolsonarista, que atende essa conduta de 'herdeiro de Bolsonaro', enquanto desafia o bolsonarismo oficial e sobrevive". Ele relembra que Sergio Mouro "tentou pescar votos nesse mesmo caldeirão e fracassou". 

O reconhecimento de Marçal como um "fenômeno brasileiro" ainda é destacado pelo professor: "Quem sabia quem era Pablo Marçal, há algum tempo, fora seus seguidores? Hoje todos o conhecem e ele tem intenção de voto em todo o Brasil, se fosse candidato à presidência da república. Marçal sempre se coloca como uma espécie de 'melhor bolsonarista do que Nunes". Ele conclui que "a extrema-direita não está indo embora, pois há sempre um espaço pra essas candidaturas disruptivas e exageradas, normalizadas pelo eleitor". 

Confira a entrevista: