Líder religioso de terreiro destruído em ação do ICMBio detalha como encontrou o espaço: "tudo desmantelado, destruíram mais de 10 casas"

Moradores do Sítio Curupati, em Lençóis, na Chapada Diamantina, prestaram queixa na delegacia da cidade contra servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que supostamente destruíram, no último domingo (21), dez casas e um terreiro de Jarê, prática religiosa de matriz africana que existe exclusivamente na região da Chapada Diamantina.

O líder do terreiro destruído, Damaré, participou do programa Mojubá desta quinta-feira (25) e explicou como aconteceu toda a situação. "Quando cheguei já encontro o Pedra Branca já acabado, derrubado. O cenário era tudo desmantelado, tudo quebrado. Só não quebraram o centro poq tinha gente lá, mas desceram, subiram foram pra outra casa, desmantelou outra casa, veio para minha e desmantelou o Pedra Branca. Destruíram mais de 10 casas”, contou. 

Segundo Damaré, o intituto não deu explicações sobre os motivos que levaram a essa ação, nem antes e nem deppois dela. O líder religioso também contou como ficou a ver o terreiro, que tem mais de 45 anos e foi passado por seu pai, destruído. “Estou passando uns dias com o coração magoado, com aperto no coração, cabeça doendo, falta de apetite, tudo isso. Até tristeza a gente tem no coração e muito”, conclui. 

Após a repercussão do caso, o ICMBio emitiu uma nota lamentando a situação e dizendo que a ação teve como intuito “apurar denúncias de desmatamentos, ocupações irregulares e construções recentes de casa principalmente na região dos rios Lapão, Mandassaia e São José, próximos à cidade de Lençóis-BA”.

O órgão também confirmou que uma das casas destruídas foi um terreiro de Jarê, mas que os fiscais iniciaram a demolição pois “não identificaram, do lado externo, sinais de que era um imóvel com fins religiosos, e os materiais usados na sua construção (madeira, telhas etc.) sugeriram se tratar de construção recente”.

Confira a entrevista: