Historiador lembra que, além da esquerda, outros grupos foram perseguidos na ditadura: "Mas eles perderam essa memória"

Próximo aos 60 anos do golpe militar brasileiro, o historiador Grimaldo Zachariadhes, pesquisador de arquivos da ditadura, pontuou que até mesmo setores mais conservadores e ligados à direita foram perseguidos durante o regime. A declaração feita em entrevista à Rádio Metropole nesta quarta-feira (27), quando o estudioso lembrou que Testemunhas de Jeová estão entre os que sofreram com o perído de repressão.

"Não só a esquerda foi perseguida. Senão, não seria uma ditadura. Conservadores e a ala da direita também sofreram. Ela [ditadura] vigiava os Testemunhas de Jeová. A repressão de fato era escondida, camuflada e as pessoas não percebiam", explica Grimaldo Zachariadhes. Segundo ele, é possível observar que, diferente de outros países que também tiveram regimes ditatoriais, tais como Chile e Argentina, no Brasil grupos que foram perseguidos perderam essa memória histórica de perseguição.

Para o historiador, a Ditadura Militar Brasileira foi complexa e se camuflava como se houvesse uma democracia no país. "O Congresso Nacional atuava, havia um partido de oposição, que era o MDB [Movimento Democrático Brasileiro], e a censura atuava de uma forma bem oculta para acharem que a ditadura não existia", pontuou.

Grimaldo Zachariadhes, que pesquisa o regime militar através do Arquivo Nacional e de outros documentos espalhados pelo Brasil, ainda detalhou em entrevista que o regime conseguia atuar mais fortemente em alguns setores que serviam para amortecer a repressão. "Muita gente tem uma visão muito equivocada. O regime conseguiu criar um tipo de hegemonia. Muitos grupos sofreram e não sabem", completou.

Confira a entrevista na íntegra: