Recorde de Eliana Kertész em 1982 equivaleria hoje a 232 mil votos na disputa para vereador

As eleições de 1982 entraram para a história como a última realizada pela ditadura militar instituída em 1964. Naquele ano, seriam escolhidos pelo voto direto, além de vereadores de todos os municípios brasileiros, governadores, senadores, deputados estaduais, deputados federais e prefeito de todas as cidades que não eram consideradas áreas de segurança nacional - basicamente, capitais e estâncias hidrominerais. Nestas, os prefeitos eram selecionados pelos próprios governadores. Mas a sucessão de 42 anos atrás entrou para a antologia das disputas eleitorais por ter estabelecido um recorde jamais quebrado até hoje: o de vereadora mais votada da história de Salvador.

Casada com o ex-prefeito Mário Kertész, hoje âncora da Rádio Metropole, a administradora de empresas e artista plástica Eliana Kertész, filiada ao PMDB, foi eleita com 94.685 votos. Numericamente, a soma a obtida por Eliana é quase três vezes maior que a do campeão nas urnas este ano, o repórter de TV Jorge Araújo (PP), escolhido por 36.065 eleitores da capital. Proporcionalmente, porém, é cerca de sete vezes a mais, já que o número equivalia a 17,3% do total de votos válidos à época, ante 2,69% de Araújo. Se fosse hoje, ela teria o equivalente a 232 mil votos. Por mais de quatro décadas, a marca nunca esteve perto de ser rompida.

Por causa da votação expressiva, Eliana Kertész possibilitou ao PMDB conquistar 26 das 33 cadeiras na Câmara de Vereadores de Salvador, contra sete do PDS, sigla surgida da extinta Arena, partido do regime militar. Em 1985, com a vitória de Mário Kertész na corrida pela prefeitura, Eliana se licenciou do mandato para assumir a Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Seis anos depois, iniciava a trajetória que a consagrou como artista plástica premiada e reconhecida pelo talento único, imortalizado em suas esculturas de figuras femininas em formas volumosas, as famosas "Gordinhas".