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Bahia se torna principal barreira para criar federação entre PP e União Brasil
Líderes dos dois partidos dizem que entrega do comando no estado para ACM Neto é cláusula irrevogável para fechar acordo, mas há resistência entre cardeais pepistas
Foto: Divulgação
Embora seja costura articulada diretamente pelas executivas nacionais do PP e do União Brasil, a eventual montagem da uma federação entre os partidos ainda depende de ajustes em estados onde caciques de ambos os lados caminham em rotas diferentes. Em especial, a Bahia, apontada por lideranças das duas legendas como a equação mais difícil de ser resolvida no curto prazo. "Apesar de ouvir gente no PP e no União garantindo que o acordo está perto de ser fechado, que as barreiras foram todas superadas, não é bem assim que a banda toca. Prova disso é que a parte baiana no tabuleiro da fusão permanece sem definições", confidenciou à coluna um parlamentar pepista com assento na cúpula da sigla em Brasília.
Minha casa, minha vida
Segundo apurou a Metropolítica, uma das principais exigências feitas pelo União Brasil é que o controle da federação partidária no estado fique com o ex-prefeito de Salvador ACM Neto. Para que as negociações avançassem, Neto aceitou abrir mão da primeira vice-presidência nacional da legenda, posto que ocupa hoje na sigla surgida após a fusão dos extintos DEM e PSL. "Acontece que o PP é dirigido na Bahia por Mário Negromonte Júnior (deputado federal), que não demonstra disposição de entregar o poder de bandeja. Será necessário compensá-lo e garantir que ele tenha voz de mando também. Aí complica. Essa conta não está resolvida. Ocorreram avanços, mas o conflito de interesses segue", destacou um cardeal do União Brasil.
Rotas opostas
Deputados do PP apontam ainda outro entrave relativo à Bahia. No caso, a divergência de rumos entre Mário Júnior, que chegou a ensaiar uma reaproximação com a base aliada ao governador Jerônimo Rodrigues (PT), e dois outros líderes do partido no estado, o deputado federal João Leão, e seu filho, Cacá Leão, secretário de governo do prefeito Bruno Reis (União Brasil), para quem é melhor que os pepistas continuem ao lado da oposição. Ainda de acordo com dirigentes das duas siglas, nenhum dos lados da balança aceitará de cabeça baixa a perda de poder para o outro.
Manda quem pode
"Ainda que a bancada do PP na Assembleia Legislativa (Alba) seja desfavorável à federação e prefira se realinhar ao PT aqui, essa decisão será tomada de baixo para cima. Os deputados federais e senadores de todos os estados é que terão a palavra final sobre se juntar ou não ao União Brasil, e a ideia tem forte simpatia por parte dos parlamentares do partido no Congresso. Seria o agrupamento mais forte do Parlamento, com mais de cem deputados e 13 senadores. Mas é preciso encontrar equilíbrio em estados estratégicos para evitar rachas e debandadas ou até mesmo uma implosão nesse processo", resumiu um influente membro da Executiva Estadual do PP.
Guerra fria
Pelo acordo prévio, se o casamento prosperar, nove estados ficarão sob o guarda-chuva do União Brasil, outros nove nas mãos do PP. O veredito sobre os nove diretórios restantes ficará a cargo da Direção Nacional da futura federação, que pode ainda incorporar o Cidadania. O partido está prestes a deixar a dobradinha com o PSDB e já sinalizou intenção de engordar o bloco.
Vai encarar?
Líderes da base aliada e da oposição na Alba garantem que, se o deputado estadual Júnior Muniz (PT) mantiver mesmo a candidatura a primeiro vice-presidente da Casa, derrotará facilmente a petista Fátima Nunes. Na tarde desta quarta-feira (26), Muniz provocou um fuzuê na Assembleia ao anunciar, de forma inesperada, sua entrada no páreo pelo segundo cargo mais importante na hierarquia da Alba, contrariando as previsões que já indicavam vitória da correligionária como candidata única. Isso porque, conforme as previsões feitas por integrantes dos dois blocos, a oposição em peso votaria nele, assim como a maior parte da bancada governista. Ou seja, o suficiente para liquidar a fatura.
Costas largas
Nos corredores da Alba, a tese é de que Júnior Muniz jamais daria tamanho passo sem aval de alguém do andar de cima do PT e da base aliada. "Ele não peitaria o partido a ponto de criar instabilidade na coalizão do Palácio de Ondina sem ter a segurança necessária", ponderou um aliado próximo ao parlamentar. Vale lembrar que o deputado conseguiu se reeleger em 2022 graças aos quase 16 mil votos que recebeu apenas em Camaçari, onde concorreu como nome exclusivo do atual prefeito da cidade, Luiz Caetano.
Choque de realidade
Especialistas na Lei de Licitações e nas regras que regem o modelo de Parceria Público-Privada (PPP) enxergaram impedimentos de ordem legal na troca da empresa responsável pela obra da Ponte Salvador-Itaparica. Recentemente, o governador Jerônimo Rodrigues disse que o consórcio chinês à frente do projeto decidiu substituir a construtora atual pelo grupo que construiu a Ponte da Amizade em Macau, a maior do mundo em águas marítimas. "A legislação proíbe de maneira expressa mudança de empresas com o contrato já assinado e antes de três anos após o início efetivo da operação", avaliou um consultor que já atuou na Secretaria Executiva de PPPs do governo do estado.
Para entender
O veto à troca de empresas ainda na fase de obras, explicaram as fontes ouvidas pela Metropolítica, foi incluída na lei para impedir os contratos do tipo "barriga de aluguel", como são chamadas as negociatas em que um determinado grupo não atende aos requisitos de determinada licitação, arranja um "clone" apto ao certame e depois ocupa o mesmo lugar de modo indireto, sem precisar cumprir os critérios previsto no edital. "O contrato prevê a possibilidade de incluir um parceiro na Sociedade de Propósito Específico (SPE) liderada pelo consórcio chinês, mas de maneira nenhuma sem que a operação comece. E muito menos ainda quando a obra nem começou. É o que determina a legislação. Tenho certeza de que será difícil passar pelo crivo dos órgãos de controle", ressaltou um advogado com larga expertise em modelagem de PPPs.
Tudo ou nada
O pesado lobby da jogatina no Congresso está pra lá de contente com a ida do deputado baiano Paulo Azi (União Brasil) para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, a mais importante da Casa. A expectativa é de que, com o Azi na chefia da porteira, a turma do pano verde, da roleta e dos caça-níqueis acredita que abre-se uma boa janela para acelerar a proposta de regularizar os cassinos no país, ideia defendida de peito aberto pelo parlamentar.
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