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Ex-capitão baiano é sócio de pelo menos três empresas ligadas a Eduardo Bolsonaro nos EUA

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Ata desmonta argumento da prefeitura para anular venda de área verde na orla da Barra e abrir novo leilão
Documento mostra que disputa ocorreu sem reclamações de falhas no sistema, teve dois recursos rejeitados e foi oficialmente encerrada no prazo previsto em edital, com vitória da empresa Epic por R$ 16,85 milhões
Foto: Danilo Puridade/Metropress
Relatório em tempo real do primeiro leilão da área verde situada na encosta do Morro Ipiranga, cuja disputa foi anulada mesmo depois que o terreno já havia sido arrematado por R$ 16,85 milhões, contradiz o argumento apresentado pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil) para justificar o cancelamento do negócio e abertura de uma segunda licitação . Em declaração recente à imprensa, Reis atribuiu a decisão a queixas de interessados no terreno que teriam ficado impedidos de dar novos lances por supostas falhas no sistema da Licitanet, uma das principais ferramentas de leilões virtuais do país. O documento, ao qual a coluna teve acesso, prova que não foram registradas quaisquer reclamações sobre pane no sistema por parte das empresas que duelaram pela posse da área de pouco mais de três mil metros quadrados, encravado no trecho da orla da Barra entre o Cristo e o Clube Espanhol.
Bate-volta
Na ata do leilão eletrônico do terreno, constam apenas dois recursos contra o resultado. Ambos foram interpostos dentro do prazo previsto no edital de licitação por uma das empresas concorrentes, a Incorpora Brasil, em 5 de fevereiro, cerca de 24 horas após a prefeitura declarar vencedora a oferta apresentada pela Epic Serviços e Locações. Contudo, os dois foram julgados improcedentes pelo leiloeiro oficial do certame em 14 de fevereiro. Quatro dias depois, a disputa foi encerrada por volta das 9h em favor da Epic.
Para recordar
Sem justificativa ou divulgação prévia à imprensa, conforme revelado pela Metropolítica, a Secretaria Municipal da Fazenda publicou no último dia 14 um aviso de anulação do leilão no Diário Oficial do Município, seguido pelo lançamento de uma nova rodada para vender a área verde, prevista para ocorrer em 15 de abril. Acontece que a Epic tinha depositado, quase um mês antes e dentro do cronograma definido no edital, a primeira parcela do lance, no valor de R$ 1,685 milhão, o equivalente a 10% do montante proposto, assunto também antecipado pelo portal Metro1.
Páreo cheio
Ainda de acordo com o relatório, nove interessados, sendo duas pessoas físicas e sete empresas, estavam previamente classificados para disputar o leilão da encosta. Além da Incorpora Brasil e da Epic, a lista inclui ainda a AMF Participações, grupo controlado pelo empresário e advogado Afrânio Cezar Oliva de Mattos Filho; a VSB Participações, holding com forte atuação no segmento de segurança privada; a Construtora Santa Helena; dirigida pela família do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil); a A Linhares & Cia, uma das pioneiras no mercado baiano de outdoors; e a Pharos 71, incorporadora ligada à empreiteira Cosbat e ao Banco Master que ficou em segundo lugar, com lance final R$ 100 mil menor que a proposta vencedora. .
Marca d'água
Relatos feitos à Metropolítica por fontes que prestam consultoria ao mercado imobiliário e publicados pela Metropolítica na sexta-feira passada (20) apontam que o leilão foi anulado para atender aos interesses da Pharos 71, que planeja erguer na encosta do Morro Ipiranga um megaempreendimento de luxo, com apoio de gente graúda no Palácio Thomé de Souza. Entretanto, a empresa esbarrou em uma dificuldade inesperada. No caso, a disposição da Epic em brigar pela propriedade de área verde, classificada pelo próprio prefeito como um terreno que não serve para nada. A declaração rendeu duras críticas a Bruno Reis, acusado por urbanistas, adversários e ambientalistas de leiloar a encosta ao arrepio da lei e alheio aos impactos sobre o meio ambiente da cidade.
Pé de guerra
O clima pesou de vez entre o deputado federal Capitão Alden e o ex-ministro da Cidadania João Roma, presidente do PL na Bahia. Por conta do realinhamento de Roma com o bloco liderado pelo União Brasil, Alden iniciou um movimento interno para tentar emparedar o ex-ministro na montagem de alianças políticas relativas à corrida pelo governo do estado em 2026. A aliados próximos, Alden deixou claro que vai usar todo trânsito que possui junto ao clã Bolsonaro e à cúpula nacional da legenda com objetivo de forçar o PL a repetir a estratégia de 2022 e lançar candidato puro-sangue ao Palácio de Ondina. Se não der resultado, o parlamentar sinalizou a possibilidade de migrar para o Republicanos e carregar consigo os membros mais leais da tropa de choque da extrema-direita, sob argumento de que o União Brasil está empenhado na candidatura do governador goiano Ronaldo Caiado ao Planalto, em detrimento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ecos do passado
Cardeais da oposição acham pouco provável, mas não impossível uma eventual aproximação do prefeito de Feira de Santana, Zé Ronaldo (União Brasil), e o governador Jerônimo Rodrigues (PT). Sobretudo, diante da pressão de líderes políticos ligados a Ronaldo em cidades localizadas na região sob influência de Feira e das mágoas originadas do processo que o derrubou da vaga de vice-governador na chapa de ACM Neto para a última eleição estadual, quando foi trocado de última hora pela empresária Ana Coelho (Republicanos), dona da TV Aratu. Apesar do otimismo, a hipótese vem mexendo com a cabeça do alto escalão oposicionista.
Laços de família
Irmã do ex-presidente do Bahia e ex-deputado federal Marcelinho Guimarães Filho e tia do novato vereador Marcelo Guimarães Neto (União Brasil), a advogada Renata de Medeiros Guimarães arranjou uma boquinha na prefeitura. Semana passada, foi nomeada assessora especial do diretor-presidente da Agência Reguladora e Fiscalizadora dos Serviços Públicos de Salvador (Arsal), Marcus Passos. Como se trata de autarquia de regime especial e possui autonomia financeira, orçamentária, funcional e administrativa, as nomeações para cargos comissionados na Arsal não dependem de decreto assinado pelo prefeito. Pelo novo trabalho de 40 horas semanais, a advogada receberá salário líquido de cerca de R$ 5 mil.
Só quero chocolate
Deputados federais e estaduais com fazendas na Região Cacaueira estão de sorriso largo ante as previsões pessimistas sobre a safra intermediária na Costa do Marfim, maior produtor mundial de cacau. Recentemente, uma projeção feita pela Bloomberg a partir da avaliação de seis grandes traders do agronegócio apontou recuo de 10% este ano, em comparação com a de 2024. Em números absolutos, serão 40 mil toneladas a menos no mercado, em decorrência da seca prolongada e do calor intenso na chamada África Ocidental. O que tende a elevar ainda de novo a cotação da commodity, hoje estimada em R$ 700 por arroba, mas que chegou a romper a barreira dos mil reais em 2024. Em conversa com a coluna, parlamentares que produzem cacau no Sul e Extremo-Sul da Bahia têm convicção de que 2025 será de fartura na roça deles.
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