Sábado, 15 de março de 2025

Faça parte do canal da Metropole no WhatsApp

Home

/

Notícias

/

Metropolítica

/

Prefeitura anula leilão de área verde na orla da Barra, mas abre nova licitação para vender encosta

Metropolítica

Por Jairo Costa Júnior

Notícias exclusivas sobre política e os bastidores do poder

Prefeitura anula leilão de área verde na orla da Barra, mas abre nova licitação para vender encosta

Fontes do mercado imobiliário estranharam cancelamento do certame após terreno ter sido arrematado recentemente por R$ 16 milhões; nome do comprador ainda é mantido em sigilo pela Sefaz

Prefeitura anula leilão de área verde na orla da Barra, mas abre nova licitação para vender encosta

Foto: Metropress/Danilo Puridade

Por: Jairo Costa Jr. no dia 15 de março de 2025 às 09:36

Sem apresentar justificativa ou fazer qualquer tipo de divulgação à imprensa, a prefeitura anulou nesta sexta-feira (14) o polêmico leilão de uma área verde na encosta do Morro Ipiranga, no trecho da orla entre o Cristo e o Clube Espanhol. Ao mesmo tempo, abriu uma nova licitação para vender o terreno em sessão marcada para 15 de abril. Entretanto, a área já havia sido arrematada por R$ 16 milhões, segundo declarações feitas pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil) em 19 de fevereiro deste ano, após a Metropolítica revelar o processo aberto pela Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz) para leiloar um pacote de 30 imóveis.

Barulho e silêncio
Ao confirmar a venda do terreno de pouco mais de três mil metros quadrados, Bruno Reis foi alvo de críticas de especialistas em meio ambiente, urbanistas e adversários políticos por ter dito que a área verde "não servia para nada", embora seja coberta por vegetação de restinga. Na ocasião, o prefeito afirmou que o terreno vai abrigar um empreendimento residencial ou comercial de alto padrão, mas não quis informar quem arrematou a área, cujo lance inicial foi fixado em R$ 4,95 milhões. A Sefaz também manteve o nome em sigilo e, até o fechamento desta edição, não havia disponibilizado os dados sobre o comprador no portal de transparência do órgão, como determina a lei.

Pulga na orelha 
Consultadas pela coluna, fontes que atuam no mercado imobiliário baiano estranharam o cancelamento do leilão seguido da abertura de um segundo certame para a mesma área. Em linhas gerais, disseram não lembrar de leilões de imóveis da prefeitura que tenham sido anulados ou suspensos sem origem em decisão judicial, a exemplo da venda de duas áreas verdes barradas pela Justiça Federal a pedido do Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Bahia (CAU) - uma na encosta do Corredor da Vitória, próxima à Mansão Wildberger, e outra na Avenida ACM, entre o Parque da Cidade e o Hospital Teresa de Lisieux.

Tapa-buracos
"Só uma hipótese me parece possível nesse caso. Muito provavelmente a prefeitura quer ganhar tempo por causa de problema com a documentação apresentada por quem arrematou a área. O comprador pode não ter incluído algum documento ou ter anexado um documento inválido. O que o tornaria inabilitado para a licitação. Para evitar mais um problema na Justiça por causa dessas áreas verdes de encosta, não restaria outra saída para a prefeitura a não ser anular o leilão e abrir um novo, com novos prazos, a tempo do interessado conseguir a papelada que falta e ficar apto a adquirir o terreno", destacou um consultor especializado na legislação urbanística que atua junto ao segmento imobiliário em Salvador.

Unidos de São Francisco
Coordenadora da bancada baiana no Congresso Nacional, a deputada federal Lídice da Mata (PSB) articula uma emenda parlamentar conjunta para viabilizar a restauração da Igreja de São Francisco, no Pelourinho. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, a chamada "Igreja de Ouro" foi palco de uma tragédia em 5 de fevereiro deste ano, quando o teto do templo desabou, resultando na morte da turista paulista Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, e ferindo outras cinco pessoas.

Linha de costura
Recentemente, Lídice teve uma reunião em Brasília com parlamentares que fazem parte da base aliada e foram convocados a articular a aprovação da emenda destinada a revitalizar a igreja. Entre os presentes ao encontro, segundo apurou a Metropolítica, estavam os deputados Zé Neto, Valmir Assunção e Ivoneide Caetano (PT), Otto Filho e Gabriel Nunes (PSD), o senador Otto Alencar e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que garantiu aval do governo Luiz Inácio Lula da Silva para concretizar a aprovação e o pagamento da emenda da bancada com rapidez.

Faca no pescoço
O deputado federal Félix Mendonça Júnior, presidente estadual do PDT, vem sendo pressionado pelos oito prefeitos do partido na Bahia a voltar para a base aliada ao Palácio de Ondina o quanto antes. Durante a reunião de lideranças da sigla  prevista para acontecer no fim do mês, a tropa pretende cobrar Félix Júnior a acelerar a ida do PDT para o arco de alianças do PT.

Tarda, mas não falha
Ex-prefeito de Remanso por três vezes, o empresário José Clementino de Carvalho Filho, o Zé Filho (PSD), foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a ressarcir os cofres públicos em aproximadamente R$ 700 mil por irregularidades no uso de verbas destinadas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a construção de uma escola na cidade do Médio São Francisco em sua segunda gestão (2009-2012). Ao valor, de acordo com a decisão do TCU, serão acrescidos correção monetária e juros de mora. Zé Filho também foi punido com multa de R$ 180 mil pela utilização ilegal do recursos.