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Fim de atendimento a usuários do Planserv foi exigência da Rede D'Or para comprar Hospital da Bahia
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Por Jairo Costa Júnior
Notícias exclusivas sobre política e os bastidores do poder
Fim de atendimento a usuários do Planserv foi exigência da Rede D'Or para comprar Hospital da Bahia
Grupo Dasa fechou as portas da emergência da unidade para usuários do plano dos servidores estaduais; negócio ainda depende de aval do Cade
Foto: Reprodução
A suspensão do atendimento emergencial aos usuários do Planserv foi uma exigência da Rede D'Or para comprar o Hospital da Bahia, adquirido em 2021 pela Dasa por R$ 850 milhões. Segundo apurou a Metropolítica, os dois gigantes da medicina privada negociam há pelo menos três meses, mas a Rede D'Or impôs como condição que a Dasa fechasse antes as portas da emergência do hospital para a clientela do plano de saúde dos servidores estaduais. A exigência tem a ver com os desgastes que o grupo sofreu após comprar os hospitais São Rafael e Aeroporto e interromper o contrato com o Planserv em ambas as unidades. "Por isso, a Rede D'Or disse que só aceitaria comprar o Hospital da Bahia se a Dasa assumisse sozinha o ônus por encerrar as operações com o plano. O próprio governo já tinha sido informado de que havia essa exigência e se preparou para minimizar os danos, ampliando a cota do Português, renegociando valores com o Santa Izabel e ativando o Hospital de Brotas, o antigo Evangélico, que agora é exclusivo para beneficiários do Planserv", revelou uma fonte do setor que teve acesso aos termos da negociação.
Abacaxi duplo
A Dasa é a maior interessada em se livrar do Hospital da Bahia, cuja aquisição é considerada um enorme fiasco no processo de expansão do grupo paulista, que não conseguiu reverter a operação deficitária do empreendimento inaugurado em 2006 pela Rede Alfa e acumula dívidas que, até setembro deste ano, beiravam os R$ 10 bilhões. No mesmo compasso, a Dasa pretende vender ainda a clínica AMO, especializada em tratamento de câncer e de doenças do sangue, entre as quais leucemia, linfoma e problemas de coagulação. A AMO foi adquirida por R$ 750 milhões também em 2021, mas desde então vem operando no vermelho. Não se sabe se a clínica oncológica faz parte do pacote oferecido à Rede D'Or nem se a eventual compra incluiria a interrupção do atendimento aos usuários do Planserv.
Pedra no caminho
Para ser concretizada, entretanto, a venda do Hospital da Bahia precisará do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão federal responsável por combater práticas que afetam a livre concorrência, tais como cartel, monopólio ou domínio de determinado segmento por um só grupo empresarial. A princípio, a Rede D'Or não poderia adquirir novos leitos hospitalares em Salvador por causa das regras de concentração de mercado previstas na lei que regulamenta processos de fusões, aquisições de controle e incorporações entre grandes empresas. Uma saída, de acordo com as fontes consultadas pela coluna, seria reduzir a quantidade de leitos do Hospital da Bahia para tentar obter autorização prévia do Cade. Esta seria a origem da decisão da Dasa de encerrar as atividades na torre erguida ao lado do Hospital.
Plano de dominação
Caso o negócio se concretize, a Rede D'Or passaria a dominar o mercado privado de saúde de alta complexidade em Salvador e Região Metropolitana, onde já possui os hospitais Aliança, Cardiopulmonar São Rafael e Aeroporto, que está localizado em Lauro de Freitas. Na capital, os únicos hospitais que não pertenceriam ao grupo carioca são: Mater Dei, Português, Santa Izabel, Prohope, Jorge Valente, Teresa de Lisieux e o de Brotas, embora estes dois último sejam exclusivos para usuários do Hapvida e Planserv, respectivamente.
Muro de contenção
Coube ao presidente da Câmara de Vereadores, Carlos Muniz (PSDB), a ofensiva que impediu os planos do prefeito Bruno Reis (União Brasil) de aumentar o IPTU de imóveis comerciais em Salvador acima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ou seja, da inflação oficial. Ao receber o projeto de lei que elevou a cesta de tributos municipais - o que incluiu ainda o ISS, impostos cobrado sobre serviços -, Muniz avisou ao prefeito que a medida não contava com sua chancela e sinalizou para a forte reação contrária por parte do empresariado. "A pressão de Muniz foi crucial para que a lei fosse aprovada semana passada sem esse trecho", confidenciou um vereador que integra o arco de alianças do Palácio Thomé de Souza.
Muita calma nessa hora
Parlamentares que apoiam a candidatura do baiano Antonio Brito (PSD) ao comando da Câmara dos Deputados tentam convencê-lo a se manter no páreo contra o paraibano Hugo Motta (Republicanos), nome ungido pelo atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). A tese é de que, com o também baiano Elmar Nascimento (União Brasil) praticamente fora da disputa, Brito viraria opção natural para adversários de Lira ou insatisfeitos com a postura do alagoano ao longo dos quase quatro anos em que ele está à frente da Câmara. Lista da qual fariam parte integrantes de partidos que anunciaram ou estão perto de aderir oficialmente a Mota, a exemplo do PT, PL, União Brasil e MDB. Em conversas reservadas, lideranças do PSD consideram cedo demais para que Brito tire o time de campo. Lembram que há sinais de dissidência em partidos cujo apoio ao apadrinhado de Lira foi decidido sem consulta à maioria dos deputados de suas bancadas e que, como a sucessão no Parlamento é feita por meio do voto secreto, sempre existe espaço para traições.
Pela culatra
O senador Jaques Wagner (PT) resolveu usar a ironia no Instagram e acabou provando do próprio veneno. Ao repostar uma ilustração que mostra general, juiz e empresário apontando o dedo para o cidadão pobre e berrando "O problema é a aposentadoria dele", acompanhada da legenda "Quem ganha R$ 100 mil convenceu quem ganha R$ 10 mil de que o problema é quem ganha R$ 1 mil", o petista disparou: "A elite brasileira resumida numa charge". Foi aí que um seguidor relembrou a PEC que garantia pensão vitalícia generosa para ex-governadores da Bahia, promulgada pela Assembleia Legislativa em dezembro de 2014, no apagar das luzes da segunda gestão de Wagner, e derrubada depois pelo Supremo.
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