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Justiça torna réus e decreta a preventiva de empresários e PMs envolvidos na execução de agricultor em Barreiras

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Justiça torna réus e decreta a preventiva de empresários e PMs envolvidos na execução de agricultor em Barreiras

Empresários que atuam com grilagem de terras contrataram PMs para matar agricultor Paulo Grendene (foto)

Justiça torna réus e decreta a preventiva de empresários e PMs envolvidos na execução de agricultor em Barreiras

Foto: Reprodução Redes Sociais

Por: Rodrigo Meneses no dia 24 de setembro de 2021 às 18:23

Atualizada 22h15*
 

A Justiça aceitou a denúncia apresentada pelo Ministério Público Estadual (MPBA) e decretou a prisão preventiva dos cinco homens acusados de matar o empresário agrícola Paulo Antônio Ribas Grendene, 62 anos, crime ocorrido no dia 11 de junho deste ano na cidade de Barreiras, no oeste do Estado. Conforme o MP, disputas pela posse de terras na região entre a fronteira da Bahia com o Piauí motivaram o crime.

Segundo a denúncia do MP, baseada nas investigações da Polícia Civil, os empresários Martiniano Rodrigues Magalhães Neto, 46 anos, o Netinho, e Luís Rosas Filho, 47 anos, conhecido como Lulinha, contrataram três policiais militares, que atuam como pistoleiros nas horas vagas, para executar o crime. Os PMs Odilon Alves Pereira Neto, 37, João Marcos de Sales Soares, 33, e José Antônio Rodrigues Alves Silva, 32, foram os executores. Todos os envolvidos já estão presos desde o mês de julho, quando a Polícia Civil deflagrou a Operação Bandeirante.

O Metro1 teve acesso ao documento da denúncia do MP, no qual há o detalhamento da motivação do crime e a atuação dos envolvidos. O caso corre em segredo de Justiça. De acordo com a denúncia, Netinho e Lulinha invadiram uma propriedade de Grendene e outra fazenda vizinha, na qual incendiaram tratores. Depois a dupla falsificou a documentação e vendeu as terras para um terceiro por R$ 6 milhões. 

No entanto, Paulo Grendene conseguiu cancelar administrativamente junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) do Piauí a matrícula das terras, que se baseou em “um duvidoso georreferenciamento”, diz trecho da denúncia. Dessa forma, Grendene arruinou os planos de Netinho e Lulinha.

Sem acordo - A atitude de Grendene enfureceu Netinho e Lulinha, os quais ainda tentaram realizar uma negociação com Paulo, mas as tratativas não foram frutíferas. “Nesta senda, no intuito de resolverem de uma vez por todas a questão imobiliária, esta dupla, a qual pode estar associada a terceiros ainda não devidamente identificados, resolveu fazer uso da força para calar o senhor Paulo Grendene”, relata a denúncia do MP.

Histórico - Conforme a denúncia, Paulo Grendene era agricultor e empresário que explorava atividade econômica na região do MATOPIBA (denominação à região de fronteira entre o Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), em especial na região da Coaceral, situada no município de Formosa do Rio Preto, no extremo oeste da Bahia. Formosa é o quinto município do Brasil com maior valor de produção agrícola, conforme o IBGE. Foram gerados R$ 3,7 bilhões com a produção em 2020. Destaque para a soja, milho e algodão.

Dentre as funções exercidas por Grendene, tinha-se a vigilância das terras de sua propriedade e/ou que administrava ou exercia algum tipo de atividade. “Isto porque a região é também conhecida por ser local permeado por intensos e profundos  conflitos agrários, sobretudo diante da insegurança jurídica decorrente de aberturas fraudulentas de matrículas imobiliárias”, explica a denúncia do MP.

Ainda de acordo com o MP, Paulo Grendene foi um dos agricultores que denunciou as atividades de integrantes de organização criminosa investigada na Operação Faroeste, esquema de venda de decisões judiciais para legitimar terras alvo de grilagem numa área de mais de 300 mil hectares em Formosa do Rio Preto. Neste ano, acabou tendo a propriedade situada no Piauí, na região de fronteira com a Bahia, invadida por Lulinha e Netinho.

Agora os acusados vão esperar pelo julgamento presos e o processo entra na fase de instrução, quando as partes são ouvidas, e posteriormente será definido se os réus vão a júri ou não.