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Procissão do Senhor Morto segue viva, marcando com fé as ruas de Salvador
Cada paróquia organiza à sua maneira. Na Paróquia Santo Antônio Além do Carmo, por exemplo, são cerca de dois mil fiéis acompanhando a imagem do Senhor Morto
Foto: Divulgação/Emilly Lima
Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 17 de abril de 2025
De morto, só o nome. A Procissão do Senhor Morto continua viva e marcando nas ruas de Salvador fé, reverência e gratidão. A tradição antiga arrasta fiéis pelas vias após a celebração litúrgica da Paixão e Morte do Senhor, na Sexta-feira Santa.
Nasceu do desejo de reviver a dor e a entrega de Jesus, e hoje é aquele tipo de tradição que a comunidade faz questão de manter viva, com zelo, emoção e até elementos cênicos, que tornam a procissão ainda mais comovente.
Tradição antiga
A procissão, uma herança de Portugal, ocorre há mais de 500 anos em terras brasileiras e marca a descida do corpo de Jesus Cristo da cruz e o seu preparo para o enterro, à espera da ressurreição pascal celebrada no Domingo de Páscoa. Após a celebração litúrgica das 15h - horário que, segundo a tradição cristã, Jesus foi crucificado - os devotos tomam as ruas para seguir, passo a passo, a Via Sacra. É um percurso de reflexão que remonta os últimos passos de Jesus até o Calvário.
Cada paróquia organiza à sua maneira. Na Paróquia Santo Antônio Além do Carmo, por exemplo, são cerca de dois mil fiéis acompanhando a imagem do Senhor Morto, que dá três voltas em torno da Praça Santo Antônio. Na Igreja da Ordem Terceira do Carmo o percurso é outro. A imagem é conduzida em esquife (uma espécie de caixão), atravessando o Pelourinho até chegar à Catedral Basílica do Santíssimo Salvador. Lá, os fiéis escutam atentos o Sermão das Sete Palavras, encerrando de forma solene o segundo dia do Tríduo Pascal e retornando à Ordem Terceira do Carmo.
Os trajetos são marcados por pessoas caracterizadas. Com trajes da época e artigos como a coroa de espinhos, os fiéis encarnam personagens importantes, como Santa Verônica, a mulher que enxuga o rosto de Jesus durante a caminhada dele carregando a cruz.
Para o padre Jailson de Jesus, pároco da Igreja Santo Antônio Além do Carmo e doutor em História da Igreja, trata-se de “uma encenação do sagrado através da arte”. A gente sente como se estivesse realmente conduzindo o corpo de Jesus. É um momento de silêncio, de lamento e de profunda espiritualidade”. No fim das contas, é isso: uma encenação sagrada, que emociona não só pelo simbolismo, mas pela vivência intensa da fé.
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