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Único representante da arquitetura alemã em Salvador, Instituto do Cacau sofre com deterioração
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Único representante da arquitetura alemã em Salvador, Instituto do Cacau sofre com deterioração
Prédio representa o auge da economia cacaueira, ´com projeto do arquiteto alemão Alexander Buddeus

Foto: Metropress/Filipe Luiz
Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 17 de abril de 2025
Se tem um cacau que não está em alta na Semana Santa (e nem fora dela), é o prédio histórico na Avenida da França, conhecido ainda como Instituto do Cacau. Por lá, os relatos não são de chocolate vendido a peso de ouro, mas são de pichações, janelas quebradas e infiltrações
O prédio já abrigou o Instituto do Cacau da Bahia, por isso é conhecido assim até hoje. Era uma espécie de sede da lavoura cacaueira no estado, para fomentar políticas públicas e novas técnicas voltadas para esse que era um dos produtos mais importantes da economia baiana.
Inaugurado em 1936, o prédio não deixou nada a desejar ao auge da cultura cacaueira. O projeto ficou a cargo do alemão Alexander Buddeus e simbolizava, à época, modernidade e avanço tecnológico. Com mais de 16 mil metros quadrados e linhas modernas, é o único exemplar na capital baiana da escola alemã Bauhaus.
Hoje, o cenário é outro. Em 2012, o edifício foi atingido por um incêndio que comprometeu o último pavimento e a casa de máquinas, um ano após um episódio semelhante. Apesar de uma obra de recuperação, no valor de R$ 1,77 milhão, o prédio ainda apresenta sinais evidentes de abandono: pichações, mofo e estruturas deterioradas são facilmente encontrados.
Conforme a Secretaria de Comunicação do Governo do Estado, o imóvel pertence à Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), instituição que tem uma única sede, em Ilhéus, a mais de 300 km de distância. No prédio, ainda funcionam serviços públicos como o Restaurante Popular e o SAC Comércio. Também serve como depósito para acervos, como o do Museu do Cacau, fechado desde 2011, e tem espaço reservado para a Defensoria Pública da Bahia, ainda sem uso efetivo.
Por seu valor histórico e arquitetônico, o prédio foi Tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) e está em processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ainda assim, nada disso foi capaz de protegê-lo do abandono. A manutenção é de responsabilidade compartilhada entre a UESC e os órgãos ocupantes, mas nem mesmo a gestão estadual sabe informar qual a periodicidade dos reparos na estrutura.
Entre memórias e abandono, a chegada e a saída de semanas santas, o antigo Instituto do Cacau segue de pé, testemunha de uma era em que representava o futuro e símbolo de uma Salvador que ainda precisa decidir o que fazer com seu passado.
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